Após 114 anos, zoológico pede perdão por exibir jovem em jaula de macacos

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Ota Benga foi sequestrado em 1906, em sua terra natal, levado para os Estados Unidos e exibido em uma jaula do Zoológico do Bronx, em Nova York, junto a macacos

Por: Isabela Alves

Após 114 anos, o Zoológico do Bronx, localizado em Nova York, nos Estados Unidos, pediu desculpas por exibir um jovem negro em uma jaula de macacos. 

O jovem em questão é Oto Benga, que foi sequestrado em sua terra natal, onde hoje fica localizada a República Democrática do Congo, na África, e levado aos EUA para ser exibido em uma jaula, em 1906.

O pedido de desculpas foi feito pela Sociedade para Conservação da Vida Selvagem, entidade que istra o local. O presidente da instituição, Cristian Samper, afirmou que é importante refletir sobre a própria história da WCS e sobre a continuidade do racismo na instituição.

Benga ficou preso do dia 9 de setembro de 1906 até o dia 28 de setembro de 1906, após a sua exibição ter gerado críticas negativas e se tornar manchete nos Estados Unidos e na Europa. Apesar do pedido de desculpas, há décadas a instituição encobriu o caso. 

Uma carta de 1906, armazenada nos arquivos do zoológico, mostra que os es, diante de críticas, inventaram uma narrativa para dizer que Ota Benga na verdade era um “funcionário do zoológico”. Por décadas, a mentira funcionou.

Em 1916, depois da morte de Ota Benga, uma reportagem no jornal The New York Times tratou a exibição como se fosse uma “lenda urbana”. A reportagem, no entanto, contradiz os diversos artigos que haviam sido publicados na época do sequestro. 

Ainda agora, o zoológico pediu desculpas por exibir Ota por diversos dias, e não pelas três semanas em que ele foi prisioneiro na seção dos macacos. 

O zoológico agora publicou versões digitalizadas dos documentos que tem sobre o episódio, entre eles cartas que descrevem em detalhes as atividades diárias de Ota Benga e dos homens que o aprisionaram. Muitas dessas cartas já estão no livro Espetáculo: A Vida Inacreditável de Ota Benga, publicado em 2015 (sem edição no Brasil).

Fonte: BBC News Brasil