Vítima de supremacistas brancos tem funeral 123 anos depois

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Joshua Halsey foi assassinado por supremacistas brancos em 1898, nos Estados Unidos, durante um massacre que vitimou mais de 100 pessoas negras. Halsey foi homenageado com um funeral 123 anos após sua morte

Imagem ilustrativa/ Foto: Adobe Stock

Joshua Halsey, assassinado em novembro de 1898 por supremacistas brancos, foi homenageado com um funeral após 123 anos, no último sábado (06/11). Halsey foi morto durante um massacre de negros em Wilmington, na Carolina do Norte (EUA).

O túmulo dele foi o primeiro identificado, entre os túmulos de mais de 100 vítimas, de acordo com o Third Person Project, um grupo de pesquisa histórica. Pode haver até 250 pessoas, diz John Jeremiah Johnson, que trabalhou com o projeto.

Foram os esforços incansáveis do projeto para localizar as sepulturas não marcadas e uma grande quantidade de investigações que levaram à descoberta.

Isso depois que um relatório do estado, de 1998, ano do 100º aniversário do massacre, que identificou duas das vítimas: Halsey e Samuel McFarland.

Elaine Cynthia Brown, descendente de Halsey, disse que a descoberta foi “surreal” para a família.

Na época do massacre, a cidade norte-americana de Wilmington tinha uma próspera comunidade negra que formou uma associação de construção e empréstimo, e construiu bibliotecas. Eles “eram empregados em todos os segmentos da força de trabalho, como profissionais, artesãos qualificados, funcionários do governo, membros da tripulação marítima, trabalhadores industriais, operários e domésticos”, conclui a Wilmington Race Riot Commission, uma comissão de negros de 1898.

Eles faziam até parte do governo da cidade que os supremacistas brancos se propam a destruir. Logo depois que o Partido Democrata – o partido da supremacia branca na época – venceu a eleição do condado intimidando os eleitores negros e alterando os resultados, de acordo com a comissão, homens brancos armados incendiaram o Daily Record, o jornal Wilmington’s Black e depois começaram a atacar os negros.

“No mesmo dia, as autoridades eleitas locais foram forçadas a renunciar e foram substituídas por líderes da supremacia branca”, de acordo com uma linha do tempo dos eventos do Departamento de Recursos Naturais e Culturais da Carolina do Norte.

É frequentemente citado por historiadores como o único golpe de Estado violento nos Estados Unidos. O massacre mudou para sempre a cultura de Wilmington.

A cerimônia faz parte de uma série de eventos planejados de 1 a 10 de novembro pelo município e diversas organizações para relembrar o massacre e homenagear suas vítimas.

No funeral tardio de Halsey, cavalos puxaram um carro fúnebre e o reverendo William Barber II, da Campanha dos Pobres (um movimento de justiça social inspirado por Martin Luther King Jr.), fez o discurso, cercado por vários descendentes de Halsey e uma multidão de pessoas, tanto negras quanto brancas.

Fonte: CNN Brasil


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