Verão intensifica riscos de habitações precárias
No verão, altas temperaturas e chuva podem colocar em alerta habitações precárias, mais vulneráveis a desastres e proliferação de doenças

Por Julia Bonin
Um em cada cinco brasileiros vive em habitação precária, mostra levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), totalizando 45 milhões de pessoas sem o à moradia de qualidade. Esse o torna-se mais preocupante durante o verão, época em que o aumento das temperaturas e o maior volume de chuvas provocam desabamentos e a proliferação de doenças.
A habitação faz parte do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 da ONU, que diz respeito a cidades e comunidades sustentáveis. Segundo o Relatório Luz de 2022, a meta 11.5, que busca reduzir significativamente o número de mortes e de pessoas afetadas por catástrofes, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade, está em retrocesso pelos últimos três anos.
As chuvas intensas que acometem várias regiões do Brasil desde novembro de 2022, típicas do verão, são sinal de alerta para deslizamentos e desabamentos, que podem atingir com mais força as habitações precárias. Atualmente, são 9,5 milhões de pessoas vivendo em áreas vulneráveis a deslizamentos, informa o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
A urbanista e diretora executiva do Instituto Pólis, Margareth Uemura, explica que é fundamental que seja implantada uma política habitacional que leve em consideração obras de infraestrutura das cidades, para que sejam mais seguras, e o atendimento de moradia, por exemplo, com a relocação de famílias que não poderiam estar em áreas de risco.
Fundamental para a proteção da saúde pública, o tratamento de esgoto está ausente em 49,2% das casas brasileiras, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A proliferação de doenças de verão fica mais propícia em cenários como esse, podendo gerar surtos de micose, bicho geográfico, dengue, viroses, febre tifóide e hepatite A.
Além disso, nos casos de falta de habitação fixa, como de pessoas em situação de rua e moradores de rua, o cenário é ainda mais grave. Sem proteção, essa população está mais sujeita à ausência de saneamento, riscos de saúde e falta de abrigo contra chuvas e altas temperaturas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população em situação de rua no Brasil cresceu 38% entre 2019 e 2022, quando atingiu 281.472 pessoas.
O Instituto Pólis é uma organização da sociedade civil com alcance nacional que defende o Direito à Cidade por meio de pesquisas, trabalhos de assessoria e de avaliação de políticas públicas, sempre atuando junto à sociedade civil buscando o desenvolvimento local na construção de cidades mais justas, sustentáveis e democráticas.