Terceiro Setor: ações empreendedoras que transformam a sociedade
Não podemos deixar de observar e reconhecer as inúmeras iniciativas empreendedoras por parte da sociedade civil. De norte a sul do país, as ações e projetos inovadores am a fazer parte do cenário público beneficiando um número grande de pessoas.
Apesar da forte tradição cultural de um Estado patrimonialista e de uma sociedade civil tutelada por esse Estado, novas ações coletivas apontam para mudanças e inovações no que diz respeito a uma agenda local de participação e inovação na solução dos problemas sociais. A sociedade civil tem por sua vez mostrado a capacidade de construir variadas formas de organização, de identidade, de solidariedade, bem como de organização democrática.
Neste cenário, as ações nascem a partir de uma ideia, um sonho de uma pessoa ou de um grupo de pessoas e am a ser compartilhadas em benefício público. É a inquietação e a vontade de fazer algo frente às questões sociais que ultraa a ideologia individualista capitalista para a construção de uma sociedade mais justa. Com dizia um velho sábio árabe: “Ter uma idéia que traga o bem ao outro independe do sistema que vivemos”.
Um dos casos inovadores e de empreendedorismo que vale a pena a ser citado é o da Fundação Dona Mindoca Rennó Moreira, criada em 1959 no município de Santa Rita do Sapucaí (MG). O sonho de uma mulher de classe alta chamada Luzia Rennó Moreira, dona Sinhá Moreira, em construir uma escola técnica de eletrônica (a ETE), ou a fazer parte de um sonho coletivo e de desenvolvimento de uma comunidade.
Essa mulher destinou um valor substancial e parte dos seus bens patrimoniais a um fundo para a entidade, por meio de um testamento para a criação de uma fundação. Destacou em seu testamento que a missão de dirigir seu empreendimento educacional caberia aos padres jesuítas.
A ETE é a primeira escola de eletrônica da América Latina e a 7ª a ser criada no mundo. A maioria dos alunos que ingressa na escola é proveniente de classes sociais com baixa renda, cujas famílias não têm condições de oferecer um curso técnico e profissionalizante aos seus filhos. É reconhecida como a responsável pela origem do vale da eletrônica do Brasil, formado por de mais de 200 empresas voltadas para produtos eletrônicos, muitas delas fundadas por empresários ex-alunos da ETE.
Caso como este vale a pena destacar e conhecer. Infelizmente, são casos que na maioria das vezes são desconhecidos, mas que, com certeza, são singulares como ações empreendedoras que contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população.
O valor dessas ações não pode e não deve ser analisado como sinônimo de ações filantrópicas individuais, mas como um exemplo de cidadania na qual é possível a sociedade civil criar alternativas que promovam o desenvolvimento.