Tendências da filantropia para 2025: o futuro do impacto social

Cultura de Doação
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Imagem: Adobe Stock.

Por Luiza Serpa

A filantropia está em constante transformação, ajustando-se às novas exigências sociais, políticas e ambientais de um mundo em mudança. No Instituto Phi e nas redes filantrópicas globais das quais participo, vivencio um crescente movimento de organizações da sociedade civil (OSCs), empreendedores sociais e doadores que vêm adotando abordagens inovadoras para gerar um impacto mais duradouro e significativo nas comunidades.

Recentemente, participei de uma apresentação com o consultor e pesquisador na área de filantropia e investimento social, Cassio Aoqui, na qual ele apresentou tendências que estão moldando o papel da filantropia e que prometem se destacar em 2025, com atenção especial para o legado familiar e a convergência com práticas empresariais.

A questão climática, a promoção da diversidade, a participação comunitária e a justiça social são causas essenciais nesse cenário, mas existem muitas outras tendências emergentes. Convido você a refletir sobre essas mudanças e a explorar comigo as temáticas que estarão no centro da filantropia nos próximos anos. Confira a seguir:

  1. Apoio à infraestrutura de OSCs

O fortalecimento organizacional das OSCs é fundamental para garantir a sua eficácia e resiliência, especialmente em tempos desafiadores. Investir no desenvolvimento institucional dessas organizações, desde a captação de recursos até o cuidado com a saúde mental da equipe, é essencial para a continuidade do trabalho social de qualidade.

  1. Adoção de filantropia baseada em confiança (trust-based philanthropy)

A filantropia baseada em confiança visa reduzir a burocracia e promover a autonomia das organizações sociais. Com mais liberdade para implementar suas estratégias e projetos, elas se tornam mais ágeis na resposta às necessidades locais, criando um impacto mais rápido e sustentável. Esse modelo fortalece a relação entre doadores e beneficiários, baseando-se em confiança mútua para alcançar objetivos comuns. 

  1. Foco em doações multigeracionais

Ao envolver as novas gerações no processo de tomada de decisão, as doações representam inovação e adaptação às mudanças sociais e culturais. Isso também assegura que o impacto filantrópico tenha continuidade ao longo do tempo, ajudando a adaptar-se às necessidades emergentes das comunidades.

  1. Uso de Inteligência Artificial (IA)

A inteligência artificial se revela revolucionária na rastreabilidade e integridade dos dados de impacto e vem permitindo mapear demandas, agilizar respostas a emergências e tomar decisões mais assertivas por meio da análise de dados, otimizando recursos e ampliando o impacto social.

  1. Filantropia focada em diversidade, equidade e inclusão (DEI)

Ao priorizar práticas que promovam a promoção da diversidade, equidade e inclusão, a filantropia combate desigualdades sistêmicas, tornando a sociedade mais inclusiva e ível para todos, independentemente de raça, gênero, classe ou identidade.

  1. Filantropia para questões climáticas

Com as crescentes preocupações em torno da sustentabilidade do planeta, a filantropia investe em iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, especialmente em comunidades vulneráveis, buscando garantir que as futuras gerações possam viver em um planeta mais saudável e resiliente.

  1. Integração de investimento de impacto

A integração de critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) nas decisões filantrópicas é uma tendência crescente. O investimento de impacto visa combinar retorno financeiro com impacto social, alinhando os valores familiares e empresariais com investimentos que promovem mudanças positivas e duradouras.

  1. Filantropia colaborativa

A filantropia colaborativa envolve alianças entre doadores, organizações e outros parceiros para maximizar os recursos em causas comuns. Ao unir forças, os doadores podem criar um impacto maior, abordando questões urgentes como inclusão produtiva e insegurança alimentar de forma mais eficiente.

  1. Transparência e comunicação

A prática de uma comunicação ativa sobre metas, processos de doação e resultados alcançados reforça a confiança entre os doadores, as OSCs e as comunidades beneficiadas. A comunicação clara e aberta também fortalece a credibilidade das organizações, garantindo que as partes envolvidas compreendam o impacto e os resultados das iniciativas.

  1. Participação comunitária no grantmaking (decolonialidade)

A participação das comunidades nas decisões sobre doações e projetos filantrópicos é uma tendência crescente que garante que as pessoas afetadas pelos projetos tenham voz ativa nas escolhas que impactam suas vidas. Isso assegura que as estratégias filantrópicas sejam mais bem alinhadas às necessidades locais, promovendo uma abordagem mais inclusiva e eficaz.

  1. Justiça social como prioridade

A justiça social emerge como uma das prioridades centrais na filantropia. Ao apoiar iniciativas que abordam desigualdades estruturais, a filantropia tem o poder de criar uma base mais justa e ível para todos. A luta por equidade é fundamental para um futuro mais inclusivo e igualitário, onde todos tenham as mesmas oportunidades de prosperar.

  1. Desenvolvimento para economia digital

A capacitação em habilidades digitais para populações vulneráveis tem ganhado relevância na filantropia. Ao promover a inclusão digital, especialmente entre jovens e comunidades marginalizadas, a filantropia prepara essas populações para a economia do futuro, oferecendo novas oportunidades de emprego e aprendizado.

  1. Filantropia para grandes desafios

Envolve investimentos em soluções ambiciosas e inovadoras para problemas globais de difícil resolução. Esse tipo de filantropia tem o objetivo de promover avanços significativos em questões complexas, mesmo com riscos elevados. É uma abordagem que incentiva a ousadia e a busca por soluções disruptivas para os grandes desafios da humanidade.

  1. Envelhecimento da população

Com o aumento da expectativa de vida, é essencial promover o envelhecimento ativo, incentivar a participação cidadã e implementar estratégias focadas na prevenção de doenças, garantindo uma melhor qualidade de vida para a população idosa.

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*A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Redação Observatório 3º Setor


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