Sam Cooke: cantor defendia mundo mais igual e foi assassinado aos 33

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Entre as décadas de 1950 e 1960, Sam Cooke se tornou um dos artistas mais vendidos de sua época, perdendo apenas para Elvis Presley. Ele utilizou a influência para dar visibilidade ao Movimento dos Direitos Civis nos EUA, que lutava pelo fim da discriminação e segregação racial dos negros

Por: Isabela Alves

Samuel Cook, mais conhecido por Sam Cooke, nasceu em 22 de janeiro de 1931. Nascido em Mississippi, nos Estados Unidos, e filho de um ministro da Igreja de Cristo, ele se mudou para Chicago em 1933 e aos seis anos começou a sua carreira de cantor, ao lado dos irmãos.

Aos 26 anos, sua carreira explodiu nos Estados Unidos, sendo que 29 dos seus singles entraram no Top 40 da parada de singles pop da Billboard.

O estrelato veio com o seu primeiro lançamento solo, a canção ‘You Send Me’, que vendeu quase 2 milhões de cópias. 

As músicas de Sam Cooke sobre amor ultraaram as fronteiras raciais e fizeram com que ele se tornasse o segundo cantor e compositor que mais vendia discos na sua época, perdendo apenas para Elvis Presley. 

Por conta da sua originalidade, Cooke é considerado o pioneiro e um dos mais influentes artistas do Soul de todos os tempos. 

Para além disso, o artista utilizou a sua influência para dar visibilidade ao Movimento dos Direitos Civis, que lutava pelo fim da discriminação e segregação racial dos negros. Sam se negava a cantar em ambientes segregados, em teatros e auditórios.

Cooke também era amigo de importantes personalidades, como Muhammad Ali, o ativista Malcolm X e do jogador de futebol americano Jim Brown, que lutavam em prol da igualdade. A amizade deles foi retratada no filme ‘Uma Noite Em Miami (2021)’, dirigido por Regina King. 

Ele também trouxe visibilidade a outros artistas negros importantes que estavam sendo boicotados por conta das músicas com cunho político, como James Brown e Nina Simone

No entanto, sua morte repentina o interrompeu no auge da carreira. Aos 33 anos, Cooke foi assassinado por Bertha Franklin, gerente de um hotel no qual ele havia se hospedado em Los Angeles. 

As circunstâncias em que o crime aconteceu até hoje são controversas, já que Franklin alegou ter atirado em legítima defesa. A mulher não foi condenada pelo crime. A família do cantor contestou a decisão jurídica, mas não obteve sucesso.

Uma das canções mais marcantes de Sam Cooke foi lançada dias depois da sua morte, em 11 de dezembro de 1964. 

Na música ‘A Change Is Gonna Come’ (Uma Mudança Virá, em tradução livre), ele clama por mudanças em relação à violência policial que ocorria no país. Ele também relata as dificuldades da segregação e de como era difícil sobreviver em um mundo tão hostil e violento. 

A música acabou se tornando um símbolo da resistência negra nos Estados Unidos. 

Em 2019, a Netflix lançou o documentário ‘ReMastered: As Duas Mortes de Sam Cooke’ para explicar as circunstâncias e controvérsias em torno de seu assassinato.


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