Reciclagem de latas pode gerar mais empregos e oportunidades de negócio, diz especialista

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 “O aço reciclado pode ser usado para fabricar novos produtos, incentivando indústrias a expandirem sua produção e contratando mais trabalhadores”, afirmou Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular

Imagem: Adobe Stock (IA)

Por Lucas Neves

O Brasil recicla apenas 47% das latas de aço, conforme dados da Associação Brasileira de Embalagens de Aço (Abeaço). Utilizadas no cotidiano para armazenar itens como bebidas e alimentos, as embalagens de aço podem ser recicladas diversas vezes sem perderem suas características originais. Segundo Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular, a recuperação dessas latas movimenta diferentes setores da economia e cria novas oportunidades de negócio e trabalho.

Em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor, Grandisoli descreveu uma cadeia de eventos que demonstra que, além de ajudar o meio ambiente, o aumento da reciclagem das embalagens de aço pode gerar mais empregos. Nesse sentido, ele citou desde a coleta feita por catadores e cooperativas de reciclagem até o aumento da demanda nas usinas, afirmando que o setor de transporte e logística também se beneficiaria com esse crescimento.

Além disso, o coordenador pedagógico do Movimento Circular alertou para o potencial de reutilização e transformação do material.

“O aço reciclado pode ser usado para fabricar novos produtos, incentivando indústrias a expandirem sua produção”, disse.

Os dados da Abeaço mostram que o Brasil recicla menos da metade das latas de aço, diferente do desempenho de outros países, como Alemanha e Bélgica, referências nessa prática. Grandisoli comentou sobre as estratégias utilizadas por essas nações, alegando ser possível adaptá-las e implementá-las no Brasil.

“Entre as estratégias, destacam-se a criação de uma infraestrutura conectada de coleta seletiva e triagem que otimiza a reciclagem das latas de aço, bem como o desenvolvimento de melhores tecnologias para a separação dos materiais e parcerias com o setor público”, diz. 

Além disso, Grandisoli conclui reforçando a importância da responsabilidade compartilhada, uma vez que essas medidas também dependem da população, por meio do descarte seletivo.

Imagem: Divulgação (Edson Grandisoli, embaixador e coordenador pedagógico do Movimento Circular)

Projetos como o Movimento Circular realizam trabalho de conscientização sobre reciclagem. Criado em 2020, a iniciativa é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar a transição da economia linear para a circular. 

Todo recurso pode ser reaproveitado e transformado, segundo o conceito de economia circular, focado em reduzir o desperdício de recursos e materiais. Essa ideia colabora com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Principalmente com o ODS 12 (Produção e consumo sustentáveis), que busca reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização.

“A reciclagem das latas de aço no Brasil se configura como um case importante para o Movimento Circular, pois é capaz de demonstrar, na prática, a importância de iniciativas multissetoriais e da corresponsabilização na direção da construção de uma sociedade cada vez mais circular e sustentável”, conclui Edson Grandisoli.


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