Projeto com indígenas conserva 114 milhões de árvores na Amazônia

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Projeto Raízes do Purus incentivou povos indígenas a realizarem monitoramento de terras e manejo sustentável no Amazonas, conservando um estoque de carbono equivalente a 114 milhões de árvores

Manejo de indígenas conserva 114 milhões de árvores na Amazônia
Foto: TV Brasil

Por Juliana Lima

Por meio de iniciativas de manejo sustentável, os povos indígenas Apurinã, Paumari, Jamamadi e Deni, que vivem em seis terras indígenas no sul e sudoeste do Amazonas, contribuíram, em 2021, para a conservação de um estoque de carbono equivalente a 114 milhões de árvores em pé. A informação é de uma pesquisa do projeto Raízes do Purus, que apoia o manejo sustentável de pirarucu, castanha, copaíba e açaí, e a implementação de Sistemas Agroflorestais nestes territórios da Amazônia, com patrocínio da Petrobras.

O estudo analisou 246 mil hectares de florestas onde ocorrem as atividades de manejo apoiadas pelo Raízes do Purus. “A ideia foi quantificar as emissões de gases efeito estufa que foram evitadas pelas ações de conservação do projeto, desenvolvidas por meio de vigilância, monitoramento territorial e proteção de ambientes aquáticos que são manejados. Esse conjunto de formação subsidia a avaliação de como está a saúde da região e da floresta e o quanto essas atividades contribuem para o benefício do clima”, afirma o autor do relatório e especialista em clima e ambiente, Rogério Ribeiro Marinho, da Universidade Federal do Amazonas.

Segundo o projeto, uma das principais estratégias adotadas foi a organização coletiva das comunidades indígenas para vigiar seus territórios. “O manejo possibilitou que os povos indígenas envolvidos no projeto retomassem o controle sobre suas terras, impedindo atividades predatórias e expulsando invasores, com a vigilância feita pelas próprias comunidades”, explica Leonardo Kurihara, coordenador do Raízes do Purus.

“O desmatamento e as queimadas são as principais formas de agravar o aquecimento global e os efeitos dos gases de efeito estufa na atmosfera. As florestas costumam ser desmatadas com fogo, o que libera grandes quantidades de gás carbônico e reduz o número de árvores disponíveis para absorvê-lo por meio da fotossíntese. Então, quanto maior o número de árvores saudáveis em pé, maior será a quantidade de carbono armazenado na floresta e a sua capacidade de absorver o carbono da atmosfera. A coleta de castanha, o manejo do pirarucu, as atividades produtivas de maneira sustentável, todas elas dependem da floresta viva”, explica Gustavo Silveira, coordenador técnico da OPAN, organização responsável pelo projeto.

A estimativa é de que, durante os quatro anos em que o projeto será executado, entre 2021 e 2024, sejam removidas da atmosfera mais de 1 milhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), contribuindo de forma direta e indireta na conservação de mais de 2,3 milhões de hectares de floresta amazônica.


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