Programa Brasil ODS discute o desmatamento no Brasil

“Quando a gente reduz o desmatamento, damos uma oportunidade não só para biodiversidade, mas para floresta, para os ecossistemas e para o serviço de regulação climática”, disse Patricia Pinho,  diretora adjunta de ciência do IPAM e uma das convidadas do programa

Por Lucas Neves

O Brasil perdeu cerca de 8,5 milhões de hectares de vegetação nativa entre 2019 e 2023, segundo o MapBiomas Brasil. Isso equivale a duas vezes a área do estado do Rio de Janeiro. Nesse contexto de degradação da natureza, o Brasil ODS, programa de rádio do Observatório do Terceiro Setor, debateu o desmatamento e o meio ambiente no Brasil, na última semana (20).

Para falar sobre o assunto, o apresentador e jornalista, Joel Scala, recebeu Luis Gustavo Nonato. Ele é professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP) e integrante do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). 

Nonato foi um dos autores do artigo, financiado pela FAPESP e divulgado na revista científica Nature Sustainability, que propôs método para conter extração ilegal de madeira, com base na análise da rede de comércio madeireiro. “Foi um trabalho de quase quatro anos para a gente conseguir juntar todas as bases de dados de comércio madeira no Brasil e, então, olhar a rede de comércio madeireiro, na tentativa de conseguir identificar inserção de madeira ilegal no sistema”, disse.

O professor da USP destacou a inovação da metodologia utilizada para “construir essas redes, integrar as bases de dados e, principalmente, conseguir calcular as cadeias de suprimento”. Segundo Nonato, pela primeira vez, é possível estimar a origem de madeiras compradas em diferentes estabelecimentos comerciais.

Impacto do desmatamento ilegal no Brasil

Além dele, o programa recebeu a convidada Patricia Pinho, diretora adjunta de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Entre suas falas, Patricia comentou a respeito da importância de frear o desmatamento ilegal no Brasil.

“Quando a gente reduz o desmatamento, damos uma oportunidade não só para biodiversidade, mas para floresta, para os ecossistemas e para o serviço de regulação climática”, comentou. Para a diretora adjunta do IPAM, a redução do desmatamento se traduz diretamente no bem-estar humano.

Patricia também falou sobre a crença de que o desmatamento traga o desenvolvimento socioeconômico. “O que a gente tem observado é justamente o oposto. Tem um pico que pode até trazer algum benefício, oportunidades esporádicas. Mas, ao longo do tempo, minam as ações tradicionais, o modo de vida, os sistemas alimentares, os recursos hídricos e, como eu disse, afeta a saúde, a manutenção e o modo de vida dessas populações”, completou.

Desmatamento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Como ocorre toda semana, o Brasil ODS recebeu a participação de um colunista, ligando o tema do programa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. Nesta edição, Joel Scala recebeu o especialista no tema, Paulo Almeida.

Segundo Almeida, o desmatamento está ligado diretamente ao ODS 13 (Ação climática), que visa adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos no planeta.

O Brasil ODS é uma produção do Observatório do Terceiro Setor que conta com o apoio da Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Ele vai ao ar às quintas-feiras na Rádio Brasil Atual, que pode ser  na frequência FM na Grande São Paulo (98,9), no litoral paulista (93,3) e no noroeste paulista (102,7). Também é possível ouvi-la de qualquer lugar, por meio do site radios.com.br/play/24568.