Professor propõe alfabetização para a sustentabilidade nas escolas

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“Para implementar uma proposta de alfabetização para a sustentabilidade temos que transformar o tema transversal ‘sustentabilidade’ em um assunto principal no currículo escolar”, diz Dalcheco, em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor

Imagem: Canva

Por Lucas Neves

No Brasil, os jovens consideram o meio ambiente e o clima como o 6.º tema mais importante para o país. Além disso, somente 36% deles sabem em qual bioma vivem, segundo a pesquisa Juventudes, meio ambiente e mudanças climáticas (JUMA). Em um cenário de aquecimento global e desastres climáticos cada vez mais rotineiros, o professor mestre em Linguagem e Educação, Paulo Chagas Dalcheco, defende a importância de uma abordagem pedagógica para a educação ambiental e a sustentabilidade.

Dalcheco, que atua como orientador educacional nos anos finais do Ensino Fundamental da Escola Lourenço Castanho, em São Paulo, sugere às escolas o ensino de temáticas como gestão de recursos, reutilização de materiais e prevenção de desperdícios. Para o educador, as instituições de ensino devem dar os primeiros os, mas precisam contar com a adesão da sociedade e de toda comunidade escolar.

“Para implementar uma proposta de alfabetização para a sustentabilidade temos que transformar o tema transversal ‘sustentabilidade’ em um assunto principal no currículo escolar”, diz Dalcheco, em entrevista ao Observatório do Terceiro Setor. 

O educador alega que, no mundo de hoje, saber descartar os resíduos sólidos da maneira correta é “tão importante quanto saber fazer contas de multiplicação”. Além disso, ele destaca o trabalho de preparar os professores e garantir espaços adequados como estratégia fundamental para executar uma proposta prática de alfabetização para a sustentabilidade.

É possível também realizar atividades divertidas para estimular as crianças a se interessarem e aprenderem mais sobre o meio ambiente. Dalcheco sugere o cultivo de uma hortinha com os alunos, sendo essa uma atividade simples e com potencial de gerar aprendizado e discussões profundas sobre o impacto do clima na produção de alimentos, por exemplo.

Mudanças climáticas e os desastres ambientais

Janeiro de 2025 foi o mês mais quente já registrado, segundo o Serviço Copernicus para Mudanças Climáticas da União Europeia. A degradação do meio ambiente, promovida pela humanidade ao longo de décadas, tem gerado consequências reais no cotidiano das populações, como o aumento dos eventos climáticos extremos. 

“O desequilíbrio climático que temos visto deve-se, em grande parte, à ação humana. Portanto, é através da educação que podemos mudar o desfecho dessa história”, pontua Dalcheco. 

Ele afirma que as crianças tendem a se interessar pela temática dos desastres naturais, sensibilizando-se também com pautas como a preservação da fauna e a poluição dos oceanos. “Todas essas coisas parecem ficção científica, e as crianças se surpreendem quando se dão conta de que é tudo real, e que também somos responsáveis pelo nosso planeta”.

Negacionismo climático

Algumas figuras políticas como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, propagam discursos negando o aquecimento global e as mudanças climáticas. Ao ser questionado sobre o negacionismo climático como um empecilho para a discussão sobre educação ambiental, Dalcheco destaca a perspicácia das crianças, afirmando que elas ainda não possuem preconceitos consolidados.

“Apresentar-lhes os fatos de maneira simples, e com argumentos lógicos é fundamental para que elas possam ter contato com a realidade que vivemos”, completa.

Fora isso, o educador alerta para a importância de saber acolher as reflexões desses alunos, ajudando-os a compreender os pensamentos e questionamentos, ao invés de dizer que eles estão errados. “Quando o educador respeita a inteligência de seu aluno, acolhe seus pensamentos e o instiga a refletir, conseguimos romper as amarras do negacionismo”.


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