Preconceito afeta desempenho de universitários negros, aponta estudo
Direitos HumanosEstudo conduzido pelo Grupo de Pesquisa Psicologia e Relações Étnico-raciais da USP mostrou que índice de bem-estar subjetivo dos universitários negros é menor do que o dos estudantes não negros. O racismo, o preconceito e a descriminação foram temas do Brasil ODS desta semana (5).

Estudo mostra que o índice de bem-estar subjetivo dos universitários negros é menor do que o dos estudantes não negros. O trabalho, conduzido pelo Grupo de Pesquisa Psicologia e Relações Étnico-raciais da USP e apoiado pela Fapesp, foi abordado no programa Brasil ODS desta quinta-feira (5), que falou sobre preconceito, racismo e descriminação.
Para conversar sobre este assunto, o apresentador, Franklin Valverde, recebeu o psicólogo e vice-coordenador do Grupo de Pesquisa Psicologia e Relações Étnico-raciais da USP, Carlos Vinicius Gomes Melo. Ele é um dos autores do estudo que evidenciou o papel do preconceito e discriminação em dificultar o êxito acadêmico de estudantes negros nas universidades.
O projeto “Limites e possibilidades para o bem-viver de estudantes negros em instituições de ensino superior” também destacou que, na USP, os pretos são os alunos que mais utilizam os sistemas de auxílios para permanência estudantil e os serviços de saúde mental. Durante o programa, Melo destacou quais são as dificuldades mais enfrentadas pelas pessoas pretas no meio acadêmico.
Para o vice-coordenador do Grupo de Pesquisa Psicologia e Relações Étnico-raciais, o preconceito, o racismo e a descriminação são problemas reais e impactantes nas universidades. Além disso, ele pontou outros problemas, como a dificuldade econômica e o fato de muitos dos alunos negros representarem a primeira geração da família na faculdade.
O Brasil ODS também recebeu a coordenadora de pesquisa e conhecimento da Iniciativa PIPA, Nildamara Torres. A PIPA é um projeto pensado para democratizar o o ao investimento social privado no Brasil. A ideia da iniciativa é ser uma ponte efetiva de conexão entre financiadores e coletivos, movimentos e organizações de base favelada e periférica.
Em sua participação no programa, Nildamara disse que, com a população negra ando mais as universidades, é importante que as instituições percebam a mudança de cenário e pensem em políticas de permanência para população negra. “Porque quando a gente [população negra] chega na universidade, ela está pronta para a branquitude. A gente tem pessoas que precisam trabalhar, um público que tem outra forma de mobilidade na cidade, por exemplo.”
A fala da coordenadora da PIPA sobre o cenário atual de desigualdade racial no país, conforme a pesquisa “Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2023”, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano ado, a taxa de pobreza entre os pretos é duas vezes maior em relação à dos brancos.
No quesito mobilidade urbana, também comentado por Nildimara, o Censo 2022 (IBGE) mostrou que os pretos e pardos representam 73% dos moradores de favelas. Esse fator tende a dificultar e aumentar o tempo de locomoção nas cidades.
Além de Nildimara Torres e Carlos Vinicius Gomes Melo, o Brasil ODS desta semana contou com duas colunistas. Como acontece todas as semanas, o programa teve a participação da especialista nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), Gabriela Chabbouh. Em sua fala, Gabriela destaca que a pesquisa está alinhada com o ODS 18 (igualdade étnico-racial), lançado oficialmente pelo Governo Federal neste ano, durante a Cúpula do G20.
A outra coluna foi de Lua Braga Pereira, do Fundo Agbara. Ela falou sobre o o a recursos por populações negras. O Agbara é o 1º fundo filantrópico para mulheres negras do Brasil desde setembro de 2020, focado na luta por justiça econômica e promoção dos direitos econômicos das mulheres negras.
O Brasil ODS – Observatório no Brasil Atual é um programa do Observatório do Terceiro Setor transmitido todas às quintas-feiras, às 16h, pela Rádio Brasil Atual. A rádio pode ser sintonizada na frequência FM na Grande São Paulo (98,9), no litoral paulista (93,3) e no noroeste paulista (102,7). Também é possível ouvir aqui no site do Observatório do Terceiro Setor.