Por que o Dia do Orgulho LGBTQIAP+ é comemorado em 28 de junho?
Dia do Orgulho LGBTQIAP+ marca a revolta em nome da necessidade da comunidade por uma estrutura social organizada frente às violências policiais

Por Iara de Andrade
Foi em 28 de junho de 1969 que frequentadores do bar gay Stonewall Inn, em Greenwich, vilarejo de Nova York, Estados Unidos, decidiram se levantar contra a polícia de Nova York, que, à época, costumava invadir bares e baladas gays para efetuar prisões sem critério ou motivo de possível violação da lei.
No dia seguinte, em 29 de junho, a revolta também aconteceu por um grupo de lésbicas que estavam no bar e por demais presentes que contra-atacaram as forças policiais arremessando pedras, tijolos e moedas na viatura, dando início ao que mais tarde ficaria conhecido como “levante” ou “Revolta de Stonewall”.
Não se sabe certamente “quem atirou a primeira pedra”, mas muitos acreditam que Marsha P. Johnson, ativista transexual e drag queen, tenha instigado o motim acompanhada de Sylvia Rivera, também mulher transexual, imigrante latina e colega na prostituição. Rivera liderou uma eata até o Central Park, iniciada no fatídico dia que se tornaria tradição nos anos seguintes.
Foi a primeira vez que a comunidade LGBTQIAP+ ocupou um espaço público e em movimento, munida de placas, gritos e reivindicações por direitos básicos. Nascia a primeira Parada do Orgulho.
No Brasil, o movimento também começou em nome da necessidade de uma estrutura social organizada frente às violências policiais, sobretudo durante a época da ditadura militar (1964-1985).
Especialmente em São Paulo, havia uma perseguição específica à comunidade pelo regime. José Wilson Richetti, delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais liderou as operações “Sapatão” e “Tarântula”, que tinham por objetivo efetuar prisões de lésbicas e travestis.
A ideia de Richetti de “limpar a cidade dos assaltantes, traficantes de drogas, prostitutas, travestis, homossexuais e desocupados” está exemplificada no Memorial da Resistência de São Paulo, mantido pelo governo estadual. O militar chegou a declarar que cerca de 300 a 500 pessoas eram levadas à delegacia todos os dias.
Membros da comunidade se organizaram e como resposta contra as perseguições criaram periódicos vendidos às escondidas em bancas de jornal ou bares, com publicações alternativas e informações sobre as operações; materiais como o “Lampião da Esquina” e o “ChanacomChana”, que por um impedimento de circulação pelo dono do Ferros Bar, incitou o episódio conhecido como “Stonewall Brasileiro”, em 19 de agosto de 1983, no qual membros do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf), organizadoras e leitoras se revoltaram e protestaram em frente ao estabelecimento, dando origem ao Dia do Orgulho Lésbico.
Apesar do início das movimentações, o fim da ditadura e a epidemia de Aids no país coincidiram e o movimento organizado demorou anos para se reerguer novamente. A primeira marcha aconteceu em 1995 com a participação de algumas dezenas de pessoas que andaram pela Avenida Atlântica, em Copacabana (RJ), após o fim da 17ª Conferência da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex (ILGA).
Conhecida como a maior Parada LGBTQIAP+ do mundo, a então nomeada “Orgulho Gay”, tomou a Avenida Paulista (SP) pela primeira vez em 1997, inspirada nas “marchas do orgulho” iniciadas por Marsha quase 30 anos antes e reunindo pouco mais de duas mil pessoas.
Fonte: Correio Braziliense
28/06/2022 @ 16:15
[…] o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de agressões contra LGBTQIA+ registradas no ano de 2021 foi de 1.719, um aumento de 35,2% em relação a 2020, quando foram […]