Pesquisa revela a percepção dos brasileiros sobre as desigualdades do país

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Realizada pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com IPEC, a Pesquisa Nacional sobre Desigualdades analisa a percepção dos brasileiros sobre desigualdade social, racial, de gênero e por orientação sexual

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Foto: Adobe Stock

Por Ana Clara Godoi

Cerca de 31% dos brasileiros precisam fazer alguma atividade extra para complementar sua renda, é o que revela a Pesquisa Nacional sobre Desigualdades do Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). Divulgada em agosto, a pesquisa identifica a percepção da população brasileira sobre diversos tipos de desigualdades.

A análise sobre desigualdade econômica aponta que o número de pessoas que realizam atividade extra para complementar sua renda diminui neste ano, em comparação a 2022. No entanto, a necessidade ainda atinge 52 milhões de brasileiros. Além disso, 30% da população conhece pessoas que possuem dificuldade para comprar alimentos.

As desigualdades provocadas por mudanças climáticas são outro ponto analisado. De acordo com o levantamento, 71% dos brasileiros concordam que eventos extremos, como chuvas, calor ou frio intensos e seca prolongada, atingem todas as pessoas, independentemente de cor ou classe social. Pessoas com mais de 60 anos tendem a acreditar mais do que os jovens.

A pesquisa também aponta dados sobre desigualdade de gênero. Foram analisados casos de assédio em diversos espaços e 40% das mulheres declararam ter sofrido assédio em pelo menos um deles: rua e espaços públicos (26%), transporte público (21%), ambiente de trabalho (14%), bares e casas noturnas (14%), transporte particular (10%) e ambiente familiar (9%).

Quando se trata de racismo, os índices de percepção de desigualdade racial são significativos. Nas periferias, 73% dos moradores acreditam que a abordagem policial é baseada no tipo de cabelo, vestimenta e de cor de pele. Fora das comunidades, 62% das pessoas concordam. Além disso, 86% dos entrevistados pensam que uma maior presença de pessoas negras e indígenas nas universidades é bom para toda a sociedade. Por outro lado, em cidades de até 50 mil habitantes, 42% das pessoas acreditam não haver diferença no tratamento entre pessoas brancas e negras; maiores de 60 anos são a maioria.

Quase metade da população declara que já sofreu ou viu alguém sofrer preconceito em função da sua orientação sexual ou identidade de gênero. A pesquisa ainda aponta que 64% dos entrevistados concordam que aumentar a representatividade de pessoas negras, mulheres e população LGBTQIA+ na política e em cargos de poder contribui para diminuir as desigualdades estruturais.

Ao identificar os índices de desigualdade e provocar um debate sobre as problemáticas presentes na sociedade, a pesquisa contribui para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1, 5, 10 e 16, metas da Agenda 2030 da ONU que promovem, respectivamente, a erradicação da pobreza, igualdade de gênero, redução das desigualdades e o combate às violências.


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