Perseguido pela Ditadura, ele lutou até a morte contra a fome no Brasil
Herbert José de Sousa, mais conhecido como Betinho, foi o idealizador da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento em favor dos pobres e excluídos.
Betinho nasceu na cidade de Bocaiúva, no norte de Minas Gerais, em 3 de novembro de 1935 e, junto com seus dois irmãos, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário, herdou da mãe a hemofilia, e desde a infância sofreu com outros problemas, como a tuberculose. Foi criado em ambientes inusitados: a penitenciária e a funerária, onde o pai trabalhava. Mas sua formação teve grande influência dos padres dominicanos, com os quais travou contato na década de 1950. Integrou a Juventude Estudantil Católica (JEC) e a Juventude Universitária Católica (JUC).
Graduou-se em 1962 em Sociologia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais. Durante o governo de João Goulart assessorou o MEC, chefiou a Assessoria do Ministro Paulo de Tarso Santos, e defendeu as Reformas de base, sobretudo a reforma agrária.
Com o golpe militar, em 1964, mobilizou-se contra a ditadura, sem nunca esquecer as causas sociais. Com o aumento da repressão, foi obrigado a se exilar no Chile, em 1971. Lá assessorou Salvador Allende até sua deposição, em 1973. Conseguiu escapar do golpe de Pinochet refugiando-se na embaixada panamenha. Posteriormente morou no Canadá e no México. Durante esse período, foram reforçadas as suas convicções sobre a democracia.
Em 1981, junto com os economistas Carlos Afonso e Marcos Arruda, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), e ou a se dedicar à luta pela reforma agrária, sendo um de seus principais articuladores. Conseguiu reunir, em 1990, milhares de pessoas no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, em uma manifestação pela causa.
Betinho também integrou as forças que resultaram no impeachment do presidente da República Fernando Collor de Mello. Mas o projeto pelo qual se imortalizou foi, provavelmente, a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, movimento em favor dos pobres e excluídos.
Em 1986, Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia. Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. Seus irmãos, Henfil e Chico Mário, também contraíram o vírus HIV em transfusões de sangue e acabaram morrendo em 1988. Mesmo assim, Betinho não deixou de ser ativo até o final de sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a “comemorar a vida todas as manhãs”.
Betinho morreu em 9 de agosto de 1997, no Rio de Janeiro, já bastante debilitado pela AIDS. Deixou dois filhos: Daniel, filho do seu primeiro casamento com Irles Carvalho, e Henrique, filho do segundo casamento com Maria Nakano, com quem viveu por 27 anos.
Em 18 de agosto de 2010, a Comissão de Anistia concedeu à família de Betinho uma indenização mensal, além de um montante retroativo, em razão da perseguição política sofrida por ele durante a ditadura militar, comprovada por documentos encontrados nos arquivos do antigo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
No último dia 24 de abril, a Ação da Cidadania completou 30 anos. Nessas três décadas, a organização já atendeu mais de 26 milhões de pessoas e distribuiu 55 milhões de quilos de alimentos.
20/10/2019 @ 16:02
Nessa viagem que fiz ao Brasil minha dor foi grande que o choro tomou conta de mim de ver a tristeza de ver um ser humano comendo do lixo o desnível e muito grande, em ver os meus patrícios sofrendo por falta de trabalho sem esperança no amanhã.
13/01/2022 @ 08:16
[…] o primeiro antibiótico da humanidade; o sociólogo e ativista Herbert José de Sousa, o Betinho; o médico Bezerra de Menezes; a beata Irmã Dulce; o pediatra e pedagogo Janusz Korczak; a […]