Paulo Freire: Instituto mantém vivo o legado do educador
Fundado em 1991, o Instituto Paulo Freire mantém vivo o trabalho do educador através de projetos sociais, acervos e cursos
Por Ana Clara Godoi
O Instituto Paulo Freire (IPF) foi fundado em abril de 1991, a partir de uma ideia do próprio Paulo Freire. O filósofo e educador brasileiro desejava reunir membros da sociedade e do terceiro setor para promover um modelo de educação humanizada, inclusiva, gratuita e de qualidade.
Para entender a importância da atuação da entidade nos dias de hoje, o Observatório do Terceiro Setor entrevistou Paulo Roberto Padilha, diretor pedagógico do Instituto Paulo Freire e coordenador da EAD Freiriana e do Programa Educação Universitária Emancipante (Preune).
“A pedagogia de Paulo Freire constrói sonhos e mudanças. Esse movimento educador é um ato que não dispensa a imaginação, a participação social e a gestão democrática.”
A educação que Paulo Freire defende é baseada na prática da liberdade e conscientização política. Segundo ele, não basta o educador educar, ele deve transformar a realidade, incluindo as experiências dos estudantes e de suas comunidades nos ensinamentos.
Padilha explica que a obra de Paulo Freire, embora iniciada nos anos 1960, é fundamental até hoje. “Sua obra é atual, pois os problemas que Freire identificava na época continuam presentes no Brasil até hoje. Por que o salário de um é tão baixo e o outro tão alto? Por que há injustiça social? Como tomar consciência desse processo? É isso que o método Paulo Freire nos permite fazer”.
Para Freire, cultura, arte, esporte, lazer e ciência estão conectados à educação. Seguindo a linha de raciocínio do educador, se uma pessoa tem consciência da situação política atual, dos direitos humanos sendo atacados e até mesmo os altos níveis de desmatamento, ela fará perguntas sobre isso e questionará como a realidade pode ser transformada.
“É possível educar com a perspectiva da conectividade. Os conhecimentos se conectam uns com os outros, assim como as pessoas, e fornecem subsídios para que possamos fazer mudanças através da educação”.
O Instituto Paulo Freire mantém a Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, a Casa da Cidadania Planetária, a Universitas Paulo Freire (UniFreire) e o Centro de Referência Paulo Freire, um acervo com diversos registros audiovisuais, manuscritos e documentos, disponíveis para estudos e pesquisas.
Além disso, desenvolve projetos na área da educação de jovens adultos, educação popular e educação cidadã. Também atuam na área de formação de professores e gestores escolares, planejamento de currículo e preservação do meio ambiente.
“O Instituto formou mais de 10 mil docentes e alfabetizou mais de 100 mil pessoas. O alcance do Instituto Paulo Freire é grande porque Paulo Freire é grande, porque ele desenvolveu seu trabalho no mundo inteiro”.
Desde 1991 o Instituto vem estudando, publicando e dando continuidade as ideias de Paulo Freire por meio de projetos, que atendem da educação infantil até a pós-graduação, formam pessoas que ainda estão se alfabetizando, e preparam docentes com uma nova visão de pedagogia, uma visão que agrega seus saberes e práticas de cada indivíduo.
“O método de Paulo Freire visa a formação do oprimido, com consciência de que a educação é um ato político. Uma pedagogia que leva em conta o ado e as experiências do presente, mas que aponta para o futuro um mundo mais justo, uma sociedade mais equânime e uma escola mais digna”.