Organizações revelam impactos da pandemia na educação brasileira

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Foram 297 dias de suspensão de atividades presenciais em escolas na pandemia; impactos vão do abandono escolar à saúde mental dos alunos

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Imagem: Adobe Stock | Licenciado

Por Julia Bonin

Durante a pandemia de Covid-19, 99,3% das escolas brasileiras suspenderam as atividades presenciais, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A média brasileira foi de 287 dias de suspensão de atividades presenciais durante o ano letivo de 2020, considerando escolas públicas e privadas. Tendo em vista os impactos desse período para o setor educacional, o levantamento Dados para um Debate Democrático na Educação (D3e) realizou estudos para direcionar a recomposição das aprendizagens, encaminhando subsídios para a elaboração de políticas públicas baseadas em conhecimento científico.

Foram dois estudos encomendados pela iniciativa: uma nota técnica sobre impactos da pandemia na educação e um relatório de política educacional sobre gestão escolar e a Covid-19. Parte dos resultados do relatório foram antecipados para o novo governo federal, a fim de subsidiar a equipe nos cem primeiros dias de gestão. O documento conta com evidências e conhecimento científico de ponta e é destinado à equipe de transição na área educacional.

A nota técnica, realizada em parceria com a Fundação Lemann, aponta que houve uma perda significativa de aprendizado durante a pandemia, de modo que as desigualdades já existentes foram acentuadas durante o período, por exemplo, com aumento do abandono escolar do impacto na saúde mental dos estudantes e profissionais.

Foram feitas seis recomendações para gestores públicos, incluindo a priorização de estratégias para mitigar efeitos da pandemia; foco em crianças em fase de alfabetização; elaboração de programas de incentivo da permanência escolar; programas de acolhimento à saúde mental; diagnóstico sobre efeitos da pandemia nas desigualdades de aprendizagem e evasão escolar e monitoramento do impacto dos programas que visam mitigar os efeitos da pandemia. 

Já o relatório, realizado junto ao Itaú Social, analisa as estratégias educacionais do primeiro ano de pandemia e está previsto para ser lançado em março de 2023. O texto analisa os desafios e as estratégias dos diretores escolares em municípios que tiveram uma boa gestão escolar durante a pandemia, selecionando dez municípios como estudos de caso para identificar quais aprendizados e reflexões podem ser extraídos desse período.

A estratégia está alinhada com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4, que diz respeito à educação de qualidade. Os ODS são metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU e buscam um mundo mais justo e igualitário.

“Abordamos os impactos da pandemia e as possibilidades mais promissoras de recomposição de aprendizagem; a importância do retorno às aulas com a equidade em foco e os aprendizados que ficaram para os gestores escolares decorrentes da crise sanitária”, diz Antonio Bara Bresolin, diretor executivo do D3e. 

O D3e – Dados para um Debate Democrático na Educação é uma associação civil sem fins lucrativos que colabora para o aprimoramento do debate educacional brasileiro e para a qualificação do uso do conhecimento científico no desenvolvimento de políticas educacionais consistentes, que promovam educação de qualidade no Brasil.

A Fundação Lemann defende a educação de qualidade por meio de projetos em parceria com professores, gestores escolares, secretarias de Educação e governos por uma aprendizagem de qualidade. Além disso, a organização apoia talentos, lideranças e outras organizações que trabalham pela transformação social.

O Itaú Social é uma instituição que desenvolve, implementa e compartilha tecnologias sociais para contribuir com a melhoria da educação pública brasileira. Sua atuação se baseia na formação de profissionais da educação e no fortalecimento de organizações da sociedade civil.