ONG realiza sonhos de crianças com doenças graves

Voluntariado
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Conheça a história de um garotinho selecionado pela Make-A-Wish e os bastidores da realização de um sonho

João Victor, de quatro anos, foi uma das 1.045 crianças que já tiveram um sonho realizado pela ONG - Foto: Make-A-Wish Brasil
João Victor, de quatro anos, foi uma das 1.045 crianças que já tiveram um sonho realizado pela ONG – Foto: Make-A-Wish Brasil

O pequeno João Victor abriu a porta do quarto e não acreditou no que viu: estavam ali sete pessoas que ele não conhecia em um ambiente que parecia ter saído dos sonhos do garoto de quatro anos. As paredes tinham novas cores, os móveis eram outros, havia uma série de brinquedos que, embora desejados, até então não pertenciam a ele. O menino não sabia o que fazer ou mesmo o que dizer. Simplesmente ficou paralisado. Tudo apenas por alguns instantes. Logo, a reação foi a de querer explorar cada pedacinho daquele cômodo que pertencia só a ele.

O que significava tudo aquilo? Tratava-se de uma ação promovida pela Make-A-Wish Brasil, uma organização sem fins lucrativos que realiza os sonhos de crianças e adolescentes com doenças que colocam em risco suas vidas. A ideia é dar uma boa dose de ânimo para quem enfrenta tratamentos difíceis e que, em alguns casos, não viverá o suficiente para realizar seus sonhos.

No caso de João Victor, o grande desejo a ser concretizado envolvia um quarto com a temática da famosa marca de carros de brinquedo Hot Wheels. E a doença que o fez ser escolhido pela Make-A-Wish se chama histiocitose das células de Langerhans (LCH). Rara, essa enfermidade tem causas desconhecidas e requer um tratamento semelhante ao do câncer, com quimioterapia – o que o menino teve de fazer por um ano e meio.

O dia da ação

Como a ação foi planejada com antecedência, os pais de João trataram de mantê-lo o dia inteiro fora de casa. “Nós o levamos para a casa da minha mãe, para que fosse tudo surpresa”, conta a mãe do menino, Elaine de Almeida.

Após a saída do garoto, bem cedinho, chegou o grupo de voluntários, composto por funcionários da Mondelez, empresa parceira da ONG. E não houve tempo para ninguém ficar de braços cruzados: era preciso lixar as paredes, pintá-las, montar móveis e organizar tudo, para que o quarto ficasse perfeito. O processo todo levou cerca de 10 horas.

Reação do garotinho ao abrir a porta e se deparar com o novo quarto foi registrada pela equipe da ONG e por familiares - Foto: Make-A-Wish Brasil
Reação do garotinho ao abrir a porta e se deparar com o novo quarto foi registrada pela equipe da ONG e por familiares – Foto: Make-A-Wish Brasil

Quando João Victor voltou, os pais pediram que ele fosse buscar um brinquedo no quarto e foi aí que ele se deparou com a surpresa. A reação inicial não pareceu lá muito animada, mas não demorou para que isso mudasse. “No começo, ele estranhou um pouco, ficou com uma cara de interrogação, como que se perguntando ‘Onde estou?’, mas logo ele foi se acostumando e ficando entusiasmado, e começou a brincar com os novos ‘amigos grandes’ dele”, relembra a mãe.

E depois do sonho realizado?

De acordo com uma pesquisa da Make-A-Wish norte-americana, viver a realização de um sonho tem impacto direto na força emocional de todos os participantes do processo.

Para se ter uma ideia desse impacto, 89% dos pais observaram um aumento na força emocional da criança e 81% observaram um aumento na vontade da criança continuar com o tratamento contra a doença. E a mãe de João afirma que com ele foi exatamente assim: “Ele ou a acreditar muito mais nas coisas depois disso, ficou mais entusiasmado com a vida”.

Os voluntários

Sete pessoas participaram dessa ação. Preparativos duraram de quatro a cinco meses - Foto: Make-A-Wish Brasil
Sete pessoas participaram dessa ação. Preparativos duraram de quatro a cinco meses – Foto: Make-A-Wish Brasil

A Make-A-Wish costuma se referir aos seus voluntários como gênios e fadas, por eles ajudarem a realizar desejos. E uma das fadas que dedicaram um tempinho ao João foi Nadla Araújo, envolvida com voluntariado desde 2012. “Eu sempre acreditei que é fundamental que nós tentemos ajudar o próximo. Os seres humanos precisam se preocupar uns com os outros”, diz.

A voluntária Nadla Araújo é uma das "amigas grandes" de João Victor, como o garotinho diz - Foto: Make-A-Wish Brasil
A voluntária Nadla Araújo é uma das “amigas grandes” de João Victor, como o garotinho diz – Foto: Make-A-Wish Brasil

Além de falar da importância do trabalho voluntário, ela explicou como foi a fase de planejamento para mudar o quarto de João Victor: “Como o custo era razoavelmente alto, tivemos que começar o trabalho quatro ou cinco meses antes da transformação efetiva”. Uma das primeiras etapas foi a visita à casa do menino para conhecer a estrutura dela e o espaço disponível. Depois, começou a busca por doações – de dinheiro, de tintas, móveis, brinquedos e tudo mais que era necessário para montar o novo ambiente. Só então veio o dia da força-tarefa para deixar tudo pronto.

Se valeu a pena todo esse esforço? “No voluntariado, a gente mais recebe do que dá. É incrível como esse tipo de trabalho nos ajuda a repensar as nossas vidas, a valorizar mais uma série de coisas”, garante Nadla, que já atuou no apoio a idosos e agora ajuda a realizar os sonhos de crianças e adolescentes com doenças graves.

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Para saber mais sobre a Make-A-Wish Brasil, fazer doações ou cadastrar sonhos, e: http://www.makeawish.org.br/.


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