ONG cria abrigos para pessoas com autismo no RS

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Para ajudar pessoas autistas desabrigadas e seus familiares a lidar com a mudança brusca de rotina, a jornalista Debora Saueressig e a nutricionista Roberta Vargas, idealizadoras do Instituto Colo de Mãe, montaram locais pensados exclusivamente para pessoas neurodivergentes em Porto Alegre.

Imagem: Adobe Stock

Já chega a 149 o número de pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul ao longo das últimas duas semanas. Segundo balanço da Defesa Civil divulgado no início da noite da última terça-feira (14/05), o estado tem ainda 112 desaparecidos e 806 feridos.

Ao todo, 2.124.553 pessoas foram afetadas. Elas estão distribuídas em 446 municípios gaúchos. Segundo a Defesa Civil, 538.245 indivíduos estão desalojados e 79.494 foram para abrigos.

Desde o início das operações de resposta à tragédia ambiental, 76.483 pessoas e 11.002 animais foram resgatados.

O impacto é ainda pior para pessoas com autismo, que possuem demandas específicas de saúde e podem não se adaptar aos alojamentos coletivos cedidos pelo poder público.

Para ajudar pessoas autistas desabrigadas e seus familiares a lidar com a mudança brusca de rotina, a jornalista Debora Saueressig, 47, e a nutricionista Roberta Vargas, 47, idealizadoras do Instituto Colo de Mãe, e mães de crianças autistas, montaram locais pensados exclusivamente para pessoas neurodivergentes em Porto Alegre. A localidade não será informada por questões de segurança.

“Quando a tragédia começou e nós vimos os abrigos absolutamente lotados, com muito barulho e muito estímulo sensorial, percebemos que precisávamos criar lugares específicos, com profissionais que sabem fazer gestão de crise e que conseguem entender uma dieta restritiva e um comportamento disruptivo”, explica Debora.

“É um cenário de guerra, com helicóptero ando o dia inteiro sobre as nossas cabeças, e não tinha nenhuma iniciativa pensada para esse público. Viemos para tentar ajudar a cobrir uma lacuna, porque sabemos que, se para uma pessoa típica o comprometimento emocional, psíquico e físico já é imenso, para uma criança, um adolescente ou um adulto autista isso é potencializado por mil.”

O abrigo do Instituto Colo de Mãe conta com médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e farmacêuticos, além de farmácia. Parte da equipe é voluntária — e atende os filhos de Debora e Roberta—, enquanto alguns profissionais são contratados com recursos captados na campanha de doação promovida pela associação.

Até o momento, a organização atende 30 pessoas. Quando a capacidade (75 pessoas) for excedida, o segundo abrigo deve abrir mais 200 vagas. O projeto se concentra em pessoas neurodivergentes, mas a estrutura também comporta outras pessoas com deficiência.

Tendo em vista que as demandas dos abrigados com autismo são muito variadas, o valor recolhido com doações é destinado para a compra de itens específicos que se adaptem à rotina de cada pessoa, como alimentos, itens de higiene pessoal, brinquedos e equipamentos eletrônicos. Interessados também podem doar água à organização.

Quem precisa de acolhimento pode entrar em contato com as idealizadoras do projeto por meio da página da ONG no Instagram (@somoscolodemae). O contato prévio é importante para entender o nível de e e o grau de complexidade de cada caso, e adaptar o atendimento a cada necessidade.

 

Fontes: CNN Brasil e Folha de São Paulo

 


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