Olhar da Cidadania discute situação dos moradores de rua
Direitos HumanosO programa do Observatório do Terceiro Setor, apresentado por Joel Scala, recebeu a socióloga, Fraya Frehse, em uma conversa sobre as pessoas em situação de rua no Brasil
Existem mais de 320 mil pessoas morando nas ruas no Brasil, segundo pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O estado de São Paulo lidera com 43% de toda população de rua no país, seguido pelo Rio de Janeiro e Minas Gerais.
No dia 15 de maio, o Olhar da Cidadania recebeu um episódio falando sobre o tema. Nesse sentido, o apresentador e jornalista, Joel Scala, recebeu a socióloga, Fraya Frehse.
Ela é professora associada de sociologia da cidade, do espaço e da vida cotidiana no Departamento de Sociologia da USP, além de membro do Centro de Síntese “USP Cidades Globais” do Instituto de Estudos Avançados, da universidade. Também é autora de “Ô da Rua: O Transeunte e o Advento da Modernidade em São Paulo” e “O Tempo das Ruas na São Paulo de Fins do Império”, ambos publicados pela Edusp.
Durante o episódio, Joel e Frehse conversaram sobre o aumento da população de rua, que cresceu em 25% entre 2023 e 2024, segundo a pesquisa da UFMG. Além disso, eles abordaram o preconceito sofrido por essas pessoas, as políticas públicas associadas ao tema, o papel dos cientistas sociais para reverter esse cenário, entre outros.
Frehse destacou a mudança de perfil social dos moradores de rua, percebida principalmente após a pandemia de COVID-19, iniciada em 2020. Segundo a socióloga, a crise sanitária do coronavírus influenciou no aumento de famílias inteiras morando na rua, o que era, segundo ela, menos comum.
Outro tópico abordado no programa foi a dispersão na Cracolândia, no centro de São Paulo, responsável por criar cerca de 16 novas ‘Cracolândias’ na cidade, conforme pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).
Frehse afirmou ser comum as pessoas associarem os moradores de rua ao uso de drogas e envolvimento com o tráfico, apesar de serem fatores que não estejam necessariamente relacionados.
Nesse cenário, a dispersão da Cracolândia acirrou o preconceito público em relação à população de rua. Para Frehse, esse efeito pode ser considerado culpa da mídia e das políticas públicas tomadas, as quais tratam todos como se todos fossem “a mesma coisa”. “Acaba havendo um acirramento dessa representação de que, quem está na rua, está ligado ao tráfico de drogas, embora não seja verdade”, disse Frehse.
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Fora Fraya Frehse, essa edição do Olhar da Cidadania contou com falas do colunista Christian Dunker, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da USP e, Paulo Artaxo professor titular e chefe do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP.
Olhar da Cidadania
O Olhar da Cidadania é apresentado pelo jornalista Joel Scala e transmitido às quintas-feiras, às 13h30, pela Rádio USP, mas você pode escutar o programa completo aqui no portal do Observatório do Terceiro Setor. Para ouvir na rádio, basta sintonizar 93,7 FM, em São Paulo, ou 107,9 FM, em Ribeirão Preto.