O silêncio das virtudes

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Não podemos deixar de observar o momento que estamos atravessando de grandes mudanças a nível global em todas as esferas, sejam elas econômicas, políticas, sociais, ambientais, entre outras. Entretanto, as maiores mudanças referem-se aos valores e as virtudes humanas.

Vivemos um tempo em que as grandes virtudes como o amor, gratidão, humildade, justiça, pureza, humor, entre outras, são cada vez mais esquecidas e silenciadas no cotidiano e na vida da maioria das pessoas.  O que prevalece muitas vezes é a ausência do amor ao próximo e a presença do egoísmo, competição, impaciência e individualismo sem limites.

Tais questões sempre me fizeram refletir e indagar: para onde estamos caminhando? Que sociedade estamos construindo? O que podemos resgatar para sermos seres humanos mais felizes?

Tais questões filosóficas nos levam a refletir e nos exigem muita calma e cuidado.   Filósofos contemporâneos como André Comte Spoville e Luc Ferry têm contribuído com suas obras para questões até então esquecidas como o amor, a justiça, a felicidade e a busca da “vida boa”.

Compartilho com os filósofos do quanto é necessário entender a vida a partir do alcance da sabedoria e da busca do conhecimento para que possamos reforçar as virtudes e superar os nossos medos e a insegurança em tempos tão difíceis que atravessamos. Spoville é brilhante quando afirma “que filosofar é aprender a viver… é pensar a vida e viver o pensamento”.

Neste sentido, o conhecimento e a sabedoria são necessários para o alcance da liberdade, leveza e alegria da alma.  A “prisão do eu” desaparece e o espaço da alegria compartilhada e espontânea abre um novo caminho, mais verdadeiro e profundo.

Não silenciar, mas refletir e resgatar esses valores são de suma importância para a sobrevivência da humanidade.  A sociedade civil e organizações do terceiro setor são atores chaves para que esses valores sejam enaltecidos na direção da justiça, do amor e do caminho da liberdade e verdade. Só assim poderemos nos rebelar contra as ilusões e as mentiras de uma sociedade doente que aprisionam as nossas mentes e nos tornam escravos contemporâneos.

Márcia Moussallem

Assistente Social e Socióloga. Mestra e Doutora em Serviço Social (PUC/SP); MBA em Gestão para Organizações do Terceiro Setor. Professora Universitária. Publicou seis livros. Colunista do Observatório do Terceiro Setor.

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