O que movimentou a economia no Brasil e nos EUA em março de 2021

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No Brasil, o orçamento em debate, anulação de condenações de Lula e o Banco Central ajustando juro. Nos EUA, vacinação acelerada e economia crescendo

Imagem: Focus

Por Jordanno dos Santos

Em março de 2021, o cenário brasileiro foi movimentado, e isto influenciou a dinâmica dos ativos ao longo do mês. Já nas primeiras semanas, o Ministro Edson Fachin, do STF, decidiu anular todas as condenações de Lula no âmbito da Lava Jato, tornando-o até o momento elegível.

O mercado financeiro começou a precificar nos ativos uma polarização entre Bolsonaro e Lula, além de intensificar o risco jurídico brasileiro.

Seguindo o mês, o Congresso aprovou a PEC Emergencial, importantíssima para a continuação dos pagamentos do auxílio emergencial, e mais, trouxe consigo os gatilhos fiscais, que podem ser fundamentais para a condução da dívida pública brasileira.

O Banco Central do Brasil, por sua vez, decidiu aumentar a taxa básica de juros, a taxa SELIC, em 0,75 ponto percentual, agora em 2,75%, prometendo elevar pelo menos mais 0,75 na próxima reunião, com o mercado financeiro agora esperando taxa SELIC em 5,00% no final de 2021.

O movimento foi positivo para os ativos, com um Banco Central comprometido em manter estável a inflação no país.

Para encerrar o mês com chave de ouro, o Congresso aprovou o Orçamento para 2021 totalmente na contramão do que vinha apresentando nas últimas votações.

O texto aprovado reduziu em mais de 26 bilhões de reais o orçamento para despesas obrigatórias, incluindo pagamento de aposentadoria e seguro-desemprego, direcionando o recurso principalmente para emendas parlamentares, o que poderia acarretar um crime de responsabilidade fiscal para Bolsonaro caso este sancione o texto.

Os ativos não reagiram tão bem assim com este fato, derrubando o preço dos títulos públicos brasileiros.

Nos EUA, o mês trouxe inúmeras notícias positivas, primeiramente, a vacinação em massa está muito acelerada, e pelo plano atual, o país estará totalmente imunizado em meados de maio de 2021, possibilitando a abertura completa da sua economia.

Mesmo com a vacinação avançada, Biden aprovou um pacote de 1,9 trilhão de dólares para ar a economia, como forma de auxílio emergencial para famílias e empresas.

E mais, pretende lançar outro pacote trilionário para impulsionar os investimentos em infraestrutura, acelerando fortemente o crescimento da economia americana.

Os investidores globais estão bem otimistas com a evolução da economia dos EUA, por outro lado, crescimento elevado gera mais inflação, e isto, pode trazer volatilidade para os ativos globais no curto prazo, com a preocupação que o Federal Reserve, banco central americano, eleve muito rapidamente suas taxas de juros, encarecendo o custo do dinheiro em todo o mundo.

Neste contexto, no fechamento do mês, os títulos públicos indexados à inflação (NTN-B ou Tesouro IPCA) rentabilizaram em média -0,46%, os títulos públicos prefixados (LTN, NTN-F ou Tesouro Prefixado) rentabilizaram -0,84%.

Os títulos públicos pós-fixados (LFT ou Tesouro SELIC) rentabilizaram 0,17%, abaixo do ativo livre de risco representado pelo CDI, que valorizou 0,20%.

Nos investimentos em ações, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, avançou 6,00%. No exterior, o S&P 500 e o MSCI World, principais índices americano e global de ações, valorizaram 4,24% e 3,11% respectivamente.

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Sobre o autor:

Jordanno Brunno Nicoletta dos Santos é graduado em Ciências Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). É sócio diretor na i9Advisory Consultoria, uma consultoria de investimentos independente.

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