O que movimentou a economia no Brasil e nos EUA em junho de 2021

Compartilhar

No Brasil, juro subindo rápido e reforma tributária saindo do papel; nos EUA, mercado menos preocupado com inflação e redução do pacote de infraestrutura

Imagem: iStock

Por Rone Almeida

O mês de junho de 2021 foi positivo para os ativos, apesar da volatilidade. O avanço da vacinação ao redor do mundo, inclusive no Brasil, está injetando um certo grau de otimismo nos mercados, com os investidores finalmente conseguindo desenhar um horizonte sem se preocupar com a COVID-19.

No Brasil, o crescimento no primeiro trimestre, medido pelo PIB, surpreendeu positivamente os investidores, fazendo com que as projeções para o ano atingissem patamar acima de 5%, ante 3% semanas antes.

Por outro lado, maior crescimento tende a gerar mais inflação, e isto está preocupando o mercado.

Para tentar amenizar este problema, o nosso Banco Central mais uma vez aumentou a taxa básica de juro, a taxa SELIC, agora em 4,25%, e em ata desta reunião, foi dito que o BC pretende elevar ainda mais a taxa de juro, com o intuito de controlar a inflação.

O mercado agora projeta taxa SELIC em 6,5% no final deste ano, e inflação, medida pelo IPCA, próximo de 6%, bem acima do teto da meta de inflação, que é 5,25%.

Por mais que a inflação atual seja por fatores de curto prazo, como a excessiva alta dos preços dos commodities nos últimos 12 meses, como é o caso do petróleo, a nossa economia é muito indexada, e a alta de preço no curto prazo pode se estender para os próximos anos caso não seja controlada de imediato.

Agiu certo o Banco Central, e o mercado entendeu como um movimento positivo. Ainda, a Reforma Tributária parece ter ganhado corpo, e tem por objetivo simplificar a carga tributária brasileira, aumentando a eficiência e produtividade da nossa economia, contribuindo para um crescimento mais sustentável no longo prazo.

O texto-base apresentado pelo Ministério da Economia é interessante e agradou boa parte do mercado, todavia, com certeza terá modificações para o bem e para o mal.

Nos EUA, com o avanço da vacinação e maior crescimento, também há o risco de inflação elevada. Mas, diferentemente do observado no Brasil, o banco central dos EUA, o Federal Reserve(FED), não elevou a taxa básica de juro nenhuma vez este ano, e só pretende elevar em meados de 2023.

O motivo, segundo o FED, é que a inflação atual é temporária, por fatores como a alta do preço das commodities, mesma história daqui. A grande diferença por lá é que a economia não é tão indexada como a nossa e a capacidade de crescimento dos EUA é enorme, com elevadíssima produtividade.

Além do mais, o FED argumenta que o mercado de trabalho permanece aquém do esperado. Por hora, os investidores estão comprando a argumentação do banco central americano e confiando que de fato seja uma inflação de curto prazo, mas, estão atentos.

Ainda, o pacote de infraestrutura, que antes estava esperado algo em torno de 2,3 trilhões de dólares e agora está em 1,2 trilhão de dólares, por pressão da oposição, também reduz o risco de crescimento demasiado e inflação descontrolada.

Posto isto, no mês, os títulos públicos indexados à inflação (NTN-B ou Tesouro IPCA) apresentaram retorno de0, 42%, os títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F ou Tesouro Prefixado) rentabilizaram0, 21%.

Enquanto, os títulos públicos pós-fixados (LFT ou Tesouro SELIC) apresentaram retorno de 0,35%, acima do ativo livre de risco, representado pelo CDI, que avançou 0,31%. Nos ativos de renda variável, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, avançou 0,46%, enquanto MSCI World e S&P500, principais índices globais de ação, rentabilizaram 1,40% e 2,22% respectivamente.

*

Sobre o autor: 

Rone Almeida iniciou sua carreira na RiskOffice sendo o responsável pela área de compliance dos investimentos, tornando-se na sequência responsável pela elaboração dos modelos quantitativos de processo de seleção de fundos de investimentos e pela pesquisa e estudos econômicos. Em 2015, ingressou no início da i9Advisory como sócio, e atualmente é o economista e estrategista responsável pela área macroeconômica e elaboração de estudos de alocação de carteiras. É economista formado pela PUC-SP e possui especialização em Economia Aplicada pela FIPE-USP.


Compartilhar