O que movimentou a economia no Brasil e no mundo em julho de 2021

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Brasileiros receberam as boas-vindas da corrida eleitoral antecipadamente, e no mundo, investidores preocupados com interferência chinesa nos mercados

Imagem: Freepik

Em julho de 2021, bastou a COVID-19 sair levemente dos holofotes, graças ao avanço da vacinação no Brasil e no mundo, que o cenário eleitoral entrou em cena, de forma bem antecipada.

Ao longo do mês, as falas de Bolsonaro colocando em xeque a próxima corrida presidencial e a criação de novos ministérios agitaram os ativos, mas, isto, não foi nada, os ativos quase que ignoraram estes burburinhos. Todavia, outro componente eleitoral foi o causador da dor de cabeça dos investidores, os gastos públicos.

No mercado financeiro, aumentaram as preocupações com as contas públicas após parlamentares do Centrão ventilarem a possibilidade de flexibilizar o teto de gastos para acomodar um Bolsa Família bem maior que o esperado.

O teto de gastos é um limitador para a dívida do governo previsto na Constituição, com o objetivo de garantir o equilíbrio das contas públicas no longo prazo, e logo, facilitar o crescimento do país de forma sustentável.

Com esta possibilidade de flexibilização, os ativos desabaram, e foi justamente no último dia do mês. O atual Governo sabe que precisa recuperar sua popularidade, e para isto, poderá gastar mais do que o devido, na outra ponta, o principal concorrente de Bolsonaro por hora, o ex-presidente Lula, também é contra o teto de gastos, daí a preocupação dos investidores, uma escolha de Sofia.

Sem teto de gastos ou com um teto flexibilizado e fragilizado, a trajetória da dívida pública pode entrar em uma situação delicada, e este é o maior medo do mercado, que precificou isto em julho. Por hora, não a de um boato, mas, do lado político, tudo pode se esperar. Se for verdade, os investidores vão cobrar um preço caro dos ativos brasileiros.

Do outro lado do mundo, o lado político também afetou os ativos, neste caso, o governo da China, que tenta controlar cada vez mais o preço de diversas matérias primas, incluindo o aço, além de tentar regular empresas chinesas que possuem capital aberto nos EUA.

Estas tentativas de maior controle aumenta a aversão ao risco no mundo, com investidores vendendo ativos de países emergentes, incluindo o Brasil, e comprando ativos em moeda forte, nos EUA e Europa.

Pelo lado positivo, a vacinação avançada vem contribuindo para uma maior abertura das economias, com alguns governadores anunciando flexibilização total já nas próximas semanas, fator que irá favorecer a retomada mais robusta de empregos e crescimento de setores que foram os mais impactados pela pandemia.

Posto isto, no mês, os títulos públicos indexados à inflação (NTN-B ou Tesouro IPCA) apresentaram retorno de-0,37%, os títulos públicos prefixados(LTN, NTN-F ou Tesouro Prefixado) apresentaram retorno de -0,47%.

Os títulos públicos pós-fixados (LFT ou Tesouro SELIC) apresentaram retorno de 0,45%, acima do ativo livre de risco representado pelo CDI, que rentabilizou 0,36%.

No mercado de ações, o Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, performou -3,94% no mês, lá fora, o MSCI World e S&P500, principais índices globais de ações, apresentaram retornos de 1,72% e 2,27% respectivamente. O dólar saiu de R$ 5,00 no início do mês para R$ 5,12, alta de 2,39%.

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Sobre o autor:
Jordanno Brunno Nicoletta dos Santos é graduado em Ciências Atuariais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo (USP). É sócio diretor na i9Advisory Consultoria, uma consultoria de investimentos independente.

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