O Indispensável “pé na bunda”

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Começamos o ano de 2018 com notícias assustadoras que só constatam os caminhos tortuosos que a humanidade vem percorrendo no decorrer das décadas. Somos todos sujeitos e vítimas das atrocidades cometidas pelos grandes líderes mundiais. Os problemas tornam-se globais e as soluções são cada vez mais individualizadas.

Porém, não gostaria de analisar nesse momento a nossa conjuntura social, política, econômica etc., mas, destacar o quanto é fundamental refletirmos sobre o nosso papel e ação diante do mundo que vivemos.  Dois momentos de aprendizado por meio da arte fizeram-se pensar o quanto a “utopia” é necessária para construirmos outra sociedade.

Um desses momentos foi a leitura do livro “O homem que amava os cachorros”, do escritor cubano Leonardo Padura. Um romance histórico que nos faz pensar sobre a nossa condição humana, bem como sobre os nossos projetos coletivos da grande utopia revolucionária.  Contudo, apesar da importância desse magnífico romance, não comungo de que os projetos pessoais são destruídos em nome de uma “utopia coletiva”, e que “forças superiores” “conduzem e manipulam” as pessoas em nome de um projeto histórico.

O outro momento de alegria agoniante e prazerosa foi ao assistir ao filme “O Jovem Karl Marx”, do cineasta haitiano Raoul Peck. O filme é extremante importante, pois aborda os processos históricos em que estava inserido o jovem Marx, bem como suas construções teóricas, conflitos, perseguições, exílio etc.. Contudo, apesar da contribuição do diretor em apresentar e desmitificar a história de Marx, ele nos faz pensar a partir do jovem Marx e outros jovens presentes no filme o quanto a “utopia” é necessária e libertadora.

Jenny, companheira de Marx, é o símbolo dessa  “utopia” quando afirma em uma das agens do filme: “Sem revolta não há felicidade – contra a ordem existente, contra o mundo velho – é nisso que eu acredito”.

Enfim, na linguagem informal, como define o meu querido amigo Rubens: “A utopia é simplesmente aquele pé na bunda que nos faz olhar para frente”. É esse pé na bunda que é indispensável para enfrentarmos com coragem e força esse velho e novo mundo.

Márcia Moussallem

Assistente Social e Socióloga. Mestra e Doutora em Serviço Social (PUC/SP); MBA em Gestão para Organizações do Terceiro Setor. Professora Universitária. Publicou seis livros. Colunista do Observatório do Terceiro Setor.

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