O bandidos também vão aos estádios

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Foto: Adobe Stock

Por Milton Flavio

A violência e a intolerância frequentam os eventos esportivos há muitos anos e somam-se a eventos lamentáveis de degradação dos costumes e mortes nos estádios ou nas cidades, em confrontos entre torcidas, uniformizadas ou não.

No ado, a Europa foi o palco principal da violência dos torcedores que sob o efeito adicional do álcool vandalizaram estádios, ruas e avenidas, em confrontos com dezenas de mortes, incluindo mulheres e crianças.

Graças à ação forte e firme dos governos e dirigentes esportivos, assistimos a redução destas ações que culminaram inclusive, na maioria dos estádios, com  a abolição de cercas e alambrados. Sobrou, é verdade, a discriminação racial e seus efeitos lamentáveis e inaceitáveis.

No Brasil, no entanto, persistem, além do racismo e da homofobia, a violência que vai além da briga de torcidas. Invadem concentrações, centros de treinamento, hotéis e as ameaças agora incluem os jogadores e seus familiares.

Discordo frontalmente da forma como têm agido nossas autoridades tanto em nível istrativo, civil e esportivo, como no campo da segurança e da justiça.

Em São Paulo, a proibição de torcidas rivais nos estádios apenas e tão somente transferiu o palco das desavenças e confrontos. A proibição de bebidas nos estádios não impede que torcedores cheguem aos eventos alcoolizados ou que se embebedem nos arredores das praças esportivas. Proíbem-se fogos de artifícios, mas eles iluminam a maioria dos nossos jogos de futebol.

Incapazes ou ineficientes nas ações para conter a violência do cidadão, as autoridades lavam as mãos e transferem a responsabilidade aos clubes, que devem responder e contribuir, mas que não tem a competência e força para resolver o problema.

Acho injusta a punição de clubes por cantos homofóbicos, não há como transferir para eles a  responsabilidade de conter uma disposição que é individual. Cabe à autoridade policial a identificação dos criminosos e a justiça a sua punição exemplar. Na vejo shoppings  fechados porque no seu interior usuários se agridem, expõem armas ou promovem atos de racismo ou homofobia.

 Destes e dos clubes devem ser cobradas medidas que inibam a entrada de armas e artefatos proibidos e, quando burlados na sua vigilância, que tenham meios de identificação dos agressores e criminosos.

Exemplo disto foi a constatação de que entre os agressores do jogador Luan, num recinto privado, estavam dois torcedores que participaram há anos de violência que vitimou um jovem torcedor em um jogo do Timão no exterior.

Se a polícia e a justiça tivessem sido eficientes e rigorosas, estes marginais não estariam repetindo suas atrocidades e atos de violência contra pessoas.

Afinal, esses indivíduos são marginais e criminosos, nocivos à sociedade, que por tibieza das nossas instituições nos ameaçam cotidianamente nas ruas das nossas cidades e que, como muitos brasileiros, também frequentam os estádios de futebol.

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* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do Observatório do Terceiro Setor.

Sobre o autor: Milton Flavio é professor aposentado da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, ex-subsecretário de Energias Renováveis do Estado de São Paulo, e hoje é Assessor da Presidência da FAPESP.


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