Sem ajuda: Yanomamis estão sendo atacados com tiros e bombas há 1 mês

Compartilhar

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), as ameaças e violências contra a região de Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, já duram mais de um mês. Desde 10 de maio, já houve sucessivos ataques com tiros e bombas de gás

Legenda: Terra Indígena Yanomami, região do Papiú. | Foto: Marcos Wesley/Instituto Socioambiental-ISA

Há mais de um mês, indígenas Yanomami têm sofrido ataques de garimpeiros. Vulneráveis, homens, mulheres e crianças tentam se defender sem nenhuma proteção ou apoio do governo.

Durante os ataques, duas crianças morreram tentando fugir. O primeiro ataque à região do Palimiú, no interior de Roraima, aconteceu em 10 de maio.

Por volta do meio-dia de 11 de maio, o líder indígena Dario Kopenawa recebeu uma ligação desesperada de uma aldeia remota na Amazônia.

A região do Palimiú, no interior de Roraima, tem uma população de cerca de 1 mil habitantes vivendo às margens do rio Uraricoera. Só é possível chegar ali de avião ou após uma longa viagem de barco.

Aterrorizadas, as mulheres fugiram para dentro da densa floresta com seus filhos. Dois meninos, de um e cinco anos, morreram afogados.

Naquele dia, os ataques duraram cerca de meia hora, mas os garimpeiros prometeram voltar para se vingar.

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), as ameaças e violências contra a região de Palimiú, na Terra Indígena Yanomami, já duram mais de um mês. Desde 10 de maio, já houve sucessivos ataques com tiros e bombas de gás. A organização sem fins lucrativos denuncia que, até agora, “as comunidades não receberam qualquer proteção do Estado”. O ISA estima que haja cerca de 20 mil garimpeiros somente em território Yanomami.

O procurador Alisson Marugal, do Ministério Público Federal (MPF) em Roraima, disse que a atividade ilegal foi impulsionada recentemente pela alta no preço do ouro e por uma ordem da Fundação Nacional do Índio (Funai) limitando o trabalho de campo devido à pandemia do coronavírus.

No ano ado, a mineração ilegal devastou uma área equivalente a 500 campos de futebol em terras Yanomami, segundo o ISA, e deve gerar ainda mais destruição neste ano. Os garimpeiros também poluem rios com mercúrio, que é usado para separar o ouro da lama, e são acusados de levar álcool, drogas e, mais recentemente, a covid-19, para as comunidades.

Em maio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso determinou que o governo Bolsonaro tomasse medidas para proteger esta e outras comunidades indígenas e para tirar os garimpeiros da área. Até agora, isso não aconteceu. Indígenas continuam sendo atacados sem nenhuma proteção.

Fonte: G1

 


Compartilhar