Viva e Deixe Viver: 25 anos transformando vidas através da leitura
VoluntariadoPromovendo cultura e aprendizado para crianças e jovens através da contação de histórias, a Associação Viva e Deixe Viver comemora 25 anos de existência

Por Iara de Andrade
“Eu me lembro que a primeira vez que entrei no Emílio Ribas para contar uma história usei um avental branco e as crianças choravam porque elas achavam que eu ia tirar sangue ou fazer alguma intervenção. E aí, eu tive que colocar bolsos coloridos nesse avental, para me diferenciar e para somar com os profissionais da saúde”, recorda Valdir Cimino, presidente da Associação Viva e Deixe Viver, que promove a leitura para crianças e jovens em hospitais.
Criada em 1997, a organização da sociedade civil sem fins lucrativos capacita pessoas para se tornarem Contadoras de Histórias a partir de valores humanos como a empatia, a ética e a solidariedade. Formada por mais de 1.200 voluntários, a organização atua em uma rede de 85 hospitais em várias cidades do país.
Valdir conta que a ideia de levar a leitura para os hospitais surgiu a partir do entendimento de que, promover atividades como a contação de histórias, pode provocar a liberação de endorfina e ocitocina, hormônios que causam sensação de bem-estar.
Crise e oportunidade
O fundador defende que, em um presente tão degradado, é preciso pensar em quem vai cuidar do futuro: as crianças e os jovens. “Precisamos ter mais leitores, a importância é gigantesca. Precisamos avançar, a pandemia nos colocou para trás no quesito educação. Crianças que deveriam estar lendo com sete, hoje estão aprendendo com nove. Quer dizer, esse atraso é uma consequência de algo que já existe há muitos anos”.
Apesar, disso, o professor ressalta que os desafios decorrentes da pandemia trouxeram novas oportunidades de atuação. Como a criação do Viva On, uma forma de relacionamento que possibilitou aos voluntários contar as histórias partir de suas casas e abriu caminho para alcançar novos públicos.
“As crianças também se beneficiaram. Com o Viva On, atingimos novas plateias, além da saúde. Entraram professores com alunos, entraram mães com seus filhos. Entraram avós… E hoje, essa plateia não sai mais”.
25 anos de histórias
A Viva e Deixe Viver vai abrir as portas, no dia 17 de agosto, para receber e abraçar os amigos. Nestes 25 anos de existência, a Associação pôde acompanhar o crescimento e desenvolvimento de muitas crianças. “Assim como Mari Pietro, que conhecemos aos oito anos. Devoradora de livros, que hoje é autora de dois; uma pessoa que tem uma escrita, uma clareza. A leitura abriu o espaço”, conta Cimino.
O diretor acredita em políticas públicas para construir uma nova sociedade e que o atendimento pedagógico hospitalar é um elemento de extrema importância para que crianças doentes continuem estudando, sobretudo em um momento em que existe uma instabilidade muito grande no entendimento sobre o que é cultura no país:
“E isso é um desafio gigantesco. Se não acreditarmos, não teremos identidade. Então, os nossos desafios estão muitos ligados a essa política que, na maioria das vezes, é equivocada, constrói cultura de uma forma que deixa a população a desejar, no sentido de garantir a nossa dignidade enquanto cidadãos”, pontua.
A comemoração dos 25 anos de existência da Associação Viva e Deixe Viver ocorrerá no dia 17 de agosto, em sua sede, na capital paulista.