Tragédia: Draga de garimpeiros suga e mata 2 crianças indígenas
Duas crianças indígenas Yanomami, de 5 e 8 anos, nadavam em rio na região do Parima, em Roraima, quando foram sugadas por draga de balsa do garimpo ilegal

De acordo com lideranças locais, duas crianças indígenas Yanomami que nadavam perto de uma balsa de garimpeiros foram “sugadas” pela draga que faz a retirada de minérios na região do rio Uraricuera, no município de Alto Alegre. Na quarta-feira, um dos meninos, de 5 anos, foi encontrado sem vida. O corpo do primo dele, de 8 anos, foi localizada nesta tarde (15/10).
“A draga gigante puxou as crianças, sugou as crianças e elas desapareceram. É uma situação grave, estamos preocupados, muito tristes e revoltados. Para nós Yanomami e Yekuana as vidas das crianças são sagradas, pois serão futuros guerreiros”, afirmou ao Globo Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, na quinta-feira.
De acordo com Dario, as crianças estavam brincando quando foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e depois levadas pelas correntezas.
“As crianças estavam brincando no rio, banhando. Elas já são acostumadas. Não precisam ir acompanhadas dos pais, porque desde quando nascem já aprendem a atravessar e nadar nos rios. Tudo isso faz parte da nossa cultura, isso nunca tinha acontecido”, disse Dario.
Dario afirma que a balsa de garimpeiros onde está localizada a draga fica a apenas 300 metros da comunidade Makuxi Yano, na calha do rio Uraricuera e atua, de maneira ilegal, há seis anos sem que nunca tenha sido incomodada pelas autoridades.
“Um dos mais antigos garimpos da região do Parima e que nunca teve uma operação contra eles, nem Polícia Federal, Exército, Ibama, nunca pisou lá. Os maquinários continuam na ativa”, lamenta.
A denúncia do desaparecimento das crianças foi feita pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY). Dario afirma que a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi avisada, mas não deu retorno aos indígenas. Em nota, a fundação informou que, “por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kwana, acompanha o caso junto aos órgãos de saúde e segurança pública competentes e está à disposição para colaborar com o trabalho das autoridades”.
Fonte: O Globo