Tragédia: Draga de garimpeiros suga e mata 2 crianças indígenas

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Duas crianças indígenas Yanomami, de 5 e 8 anos, nadavam em rio na região do Parima, em Roraima, quando foram sugadas por draga de balsa do garimpo ilegal

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Crianças indígenas Yanomami / Foto: Wikimedia Commons

De acordo com  lideranças locais, duas crianças indígenas Yanomami que nadavam perto de uma balsa de garimpeiros foram “sugadas” pela draga que faz a retirada de minérios na região do rio Uraricuera, no município de Alto Alegre. Na quarta-feira, um dos meninos, de 5 anos, foi encontrado sem vida. O corpo do primo dele, de 8 anos, foi localizada nesta tarde (15/10).

“A draga gigante puxou as crianças, sugou as crianças e elas desapareceram. É uma situação grave, estamos preocupados, muito tristes e revoltados. Para nós Yanomami e Yekuana as vidas das crianças são sagradas, pois serão futuros guerreiros”, afirmou ao Globo Dario Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, na quinta-feira.

De acordo com Dario, as crianças estavam brincando quando foram sugadas e cuspidas para o meio do rio e depois levadas pelas correntezas.

“As crianças estavam brincando no rio, banhando. Elas já são acostumadas. Não precisam ir acompanhadas dos pais, porque desde quando nascem já aprendem a atravessar e nadar nos rios. Tudo isso faz parte da nossa cultura, isso nunca tinha acontecido”, disse Dario.

Dario afirma que a balsa de garimpeiros onde está localizada a draga fica a apenas 300 metros da comunidade Makuxi Yano, na calha do rio Uraricuera e atua, de maneira ilegal, há seis anos sem que nunca tenha sido incomodada pelas autoridades.

“Um dos mais antigos garimpos da região do Parima e que nunca teve uma operação contra eles, nem Polícia Federal, Exército, Ibama, nunca pisou lá. Os maquinários continuam na ativa”, lamenta.

A denúncia do desaparecimento das crianças foi feita pelo Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY). Dario afirma que a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi avisada, mas não deu retorno aos indígenas. Em nota, a fundação informou que, “por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kwana, acompanha o caso junto aos órgãos de saúde e segurança pública competentes e está à disposição para colaborar com o trabalho das autoridades”.

 

Fonte: O Globo