Terceiro setor em 2023: expectativas para o novo período
O Observatório do Terceiro Setor entrevistou representantes da Associação Brasileira de Captadores de Recursos e do Instituto de Direito Coletivo para compreender as expectativas da sociedade civil para o ano de 2023

Por Ana Clara Godoi
O Brasil tem mais de 815 mil organizações sociais, de acordo com dados do Mapa das OSC. O terceiro setor é diverso e possui atuação em áreas como cultura, defesa de direitos humanos, proteção animal, saúde, educação, assistência social, esportes e até mesmo religião.
Desde a redemocratização do Brasil, em 1985, as organizações da sociedade civil têm ocupado importante lugar na sociedade, alavancando a participação política no país e fortalecendo setores em que o governo nem sempre esteve presente. Para entender a importância do terceiro setor na sociedade brasileira atual, o Observatório do Terceiro Setor conversou com representantes do setor sobre a atuação das organizações em 2022 e expectativas para este ano.
“O ano de 2022 foi marcado ainda pelos efeitos da pandemia da Covid e pela divisão política. Se por um lado a reabertura dos espaços possibilitou uma sensação de normalidade, por outro, tínhamos um grande ivo social a ser enfrentado”, explica Tatiana Bastos, presidente do Instituto de Direito Coletivo (IDC).
Neste ano, Tatiana enxerga um cenário mais otimista em relação às pautas sociais e ambientais. “Acredito que o ano de 2023 será desafiador, mas com muitas oportunidades de melhoria. A sociedade brasileira está entendendo que precisa fazer parte da solução e isso pode ser extremamente transformador. Há muita esperança de melhoria”.
Para Márcia Kalvon Woods, presidente do Conselho da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), neste primeiro momento a sociedade civil deve observar como o novo Governo Federal irá reestabelecer as políticas sociais que foram prejudicadas na última gestão.
“Tem ajustes nas áreas pragmáticas das organizações que vão ter que ser feitas em relação aos serviços e atuações que elas têm. Acho que tem diversas alterações que virão dos programas federais. Então esse ano de 2023 vai ser de muita observação, articulação, conversa, entendimento, diálogo e adequação das atividades”.
Em relação às políticas de financiamento de pautas sociais por meio de incentivos fiscais, a presidente da ABCR acredita que elas possam ser retomadas e fortalecidas. Já no âmbito de doações de empresas e indivíduos, ela aposta em um cenário desafiador devido a situação econômica do país. Por outro lado, Márcia destaca que há uma tendência de empresas que optam por atuar em parceria com outras organizações em vez de criar suas próprias iniciativas, contribuindo para o desenvolvimento delas através de recursos.
Cada atividade das organizações do terceiro setor está alinhada a um ou mais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, conjunto de metas que visam um mundo mais justo e igualitário.