Sobrevivente de ataque nazista a navios brasileiros virou ícone do samba

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Silas de Oliveira serviu no 7º Grupo de Artilharia de Dorso (Campinho), e estava no navio mercante Itagiba em 17 de agosto de 1942, quando nazistas atacaram a embarcação. Anos após o episódio, ele se tornou um conhecido compositor de sambas-enredo

Silas de Oliveira/ Foto: reprodução Wikipédia

O vapor Itagiba (por vezes chamado de Itagibe) foi um navio brasileiro de carga e de ageiros, torpedeado no dia 17 de agosto de 1942 por nazistas, com o submarino alemão U-507, no litoral do estado da Bahia.

Com o ataque, morreram 36 pessoas, todas ageiras e algumas das quais já a bordo do Arará, um pequeno navio cargueiro que ajudava no socorro das vítimas e que também foi afundado pelo submarino nazista U-507 na tarde daquele dia. Esses e outros ataques a navios mercantes brasileiros indignaram a opinião pública e levaram o Brasil a declarar guerra contra a Alemanha, entrando na 2ª Guerra Mundial.

Silas de Oliveira serviu no 7º Grupo de Artilharia de Dorso (Campinho), e estava no navio mercante Itagiba em 17 de agosto de 1942. Muitos jovens da região de Madureira morreram no incidente, porém Silas sobreviveu para construir mais tarde sua carreira e ser considerado um dos melhores sambistas do seu tempo.

Em 1946, Silas de Oliveira e Mano Décio escreveram o samba-enredo ‘Conferência de São Francisco’ ou ‘A Paz Universal’, para a escola de samba Prazer da Serrinha, agremiação carnavalesca da qual faziam parte.

O samba-enredo seguia o decreto oficial do então Presidente da República, Getúlio Vargas, que exigia que as escolas desfilassem com temáticas nacionalistas em seus enredos.

O presidente da Prazer da Serrinha, Alfredo Costa, no entanto, não aceitou que a escola de samba desfilasse com uma temática nacionalista e cancelou sua apresentação.

A decisão gerou revolta nos compositores e culminou na fundação do Império Serrano, dias depois. Silas de Oliveira integrou a nova escola desde seu primeiro desfile, tornando-se reconhecido como um dos grandes compositores de samba-enredo para a escola de samba de Madureira.

Foi campeão no carnaval de 1948. No ano seguinte, Mano Décio também aderiu à nova agremiação. Entre 1949 e 1951, o samba-enredo vitorioso no Império Serrano trouxe a de Silas, de Mano Décio ou dos dois. Em 1955 e 1956, mais duas vitórias da dupla na escolha do samba-enredo da escola: ‘Exaltação a Caxias’ e ‘O Caçador de Esmeraldas’.

Silas dedicou 28 anos de sua vida ao Império Serrano e nesse período fez 16 sambas-enredo para a escola, dos quais 14 foram apresentados no desfile oficial.

Quando o amigo Mano Décio foi para a Portela, a dupla se desfez. Mas Silas continuou compondo para a Verde-e-Branco de Madureira muitos sambas que se tornaram clássicos do gênero, como ‘Aquarela Brasileira’ (1964); ‘Os Cinco Bailes da História do Rio’, em parceria com Dona Ivone Lara e Bacalhau (1965); ‘Glórias e Graças da Bahia’, com Joacir Santana (1966); e ‘Pernambuco, Leão do Norte’, com o qual enfrentou  e venceu o antigo parceiro Mano Décio da Viola, que retornou à escola, em 1968.

A última parceria dos dois grandes sambistas foi em 1969 com ‘Heróis da Liberdade’, num ano em que o jeito de fazer samba-enredo ava por grandes modificações, sobretudo no andamento acelerado, lembrando marcha carnavalesca.

Mano Décio e Silas de Oliveira não se adaptaram a essa nova postura, pois acreditavam que essa mudança era responsável pelo empobrecimento do samba-enredo. Silas ainda tentou adaptar-se aos novos tempos, mas sua influência no Império Serrano já não era a mesma. Nos últimos anos de vida, Silas deixou de se envolver com os desfiles da escola, limitando-se a frequentar rodas-de-samba, onde, na sua concepção, o ambiente era mais tranquilo.

No dia 20 de maio de 1972, Silas de Oliveira foi a uma roda de samba, pensando arranjar dinheiro para matricular uma de suas filhas no vestibular. No momento em que cantava ‘Os Cinco Bailes da História do Rio’, sofreu um infarto fulminante. Em 1974, a escola de samba Imperatriz Leopoldinense apresentou o enredo ‘Réquiem por um sambista, Silas de Oliveira’, em honra ao compositor. Silas acompanhou de perto a fundação desta escola, cuja madrinha é o Império Serrano.

Fonte: Wikipédia


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