Retorno ao povo? Brasileiros trabalham 5 meses só para pagar impostos

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Mesmo pagando 5 meses de salário em impostos, brasileiros estão desamparados em meio à pandemia de Covid-19

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

A cada 12 meses de trabalho, os brasileiros gastam em média o salário de cinco meses e dois dias pagando impostos, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). São 153 dias de trabalho.

O tempo representa o dobro do que se trabalhava na década de 1970 (dois meses e 16 dias em média) para pagar a tributação, segundo o IBPT.

Entre os impostos que mais pesam sobre os contribuintes, o campeão é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), responsável por 21% do total. Em seguida vêm o INSS, com 18%, e o Imposto de Renda (IR), com 17%.

Dependendo da faixa de renda, as pessoas pagam proporcionalmente mais ou menos impostos. Quem ganha até R$ 3 mil compromete em média 39,62% do salário com impostos. De R$ 3 mil a R$ 10 mil (classe média), são 44,54%. Na faixa mais alta, com rendimento mensal acima de R$ 10 mil, são 42,62%.

E pior do que ter uma carga tributária alta é ter pouco retorno, principalmente em momentos como o atual, em que o país enfrenta uma das suas piores crises, por causa da pandemia de Covid-19.

Comerciantes e empresários estão acumulando prejuízos e dívidas. Trabalhadores temem perder seus empregos e milhões já tiveram jornadas de trabalho e salários reduzidos.

Por enquanto, o governo só anunciou uma ajuda de R$ 600 por três meses para trabalhadores informais que se enquadrem em algumas regras estabelecidas. A medida ainda é resultado de uma forte pressão de movimentos sociais, organizações da sociedade civil (OSCs) e da população sobre o Governo para que fosse dado um auxílio a esses indivíduos neste momento de calamidade pública.

Entre os 30 países com maior carga tributária no mundo, o Brasil é o que proporciona o pior
retorno à população. O dado é de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), que avaliou o Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (Irbes) nesses 30 países.

O resultado levou em consideração a carga tributária (arrecadação em relação ao PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede desenvolvimento econômico e qualidade de vida da população.

Desde que esse estudo começou a ser feito, o Brasil está na 30ª colocação (último lugar), atrás de países vizinhos, como Uruguai (18º) e Argentina (19º). O Brasil é o país que menos transforma tributos em benefícios.


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