Recentes ataques às escolas geram boatos e espalham pânico no país
Apesar da sensação generalizada de insegurança no país, as empresas responsáveis pelas redes sociais não têm colaborado com as autoridades para retirar conteúdos de ameaças e que promovem autores de ataques anteriores.

Os recentes e seguidos ataques às escolas no Brasil está gerando pânico entre pais e alunos. Muitos boatos estão surgindo nas redes sociais que novos ataques podem acontecer a qualquer momento. Na rede social tik tok, uma mulher que se diz vidente, fala da previsão de novos ataques e até recomenda que pais não levem seus filhos nas escolas.
Em outras redes sociais vários vídeos de pessoas diferentes citam novos ataques, mas sem comprovar fontes. Esses vídeos vêm gerando pânico e incentivam novos ataques. Muitos pais, acreditando nessas informações, não levam seus filhos às escolas com medo dos ataques citados nas redes sociais.
Uma mãe de uma jovem de 15 anos que estuda na rede estadual em São Paulo afirma que está assustada com os anúncios que rondam as redes sociais. Ela é tia de um aluno da Thomazia Montoro, onde um ataque no último dia 27 de março resultou na morte de uma professora, e o namorado da sua filha também estuda na mesma escola.
Ela relata que a jovem está há uma semana sem sair de casa e sem ir à escola devido ao medo, a mãe compartilha do temor da filha que tira seu sono. Diante das ameaças e dos sustos, ela afirma que prefere a filha em casa sem ir para a escola pois teme que algo aconteça e se sentir culpada depois.
O medo não se restringe aos familiares que tiveram contato com os ataques recentes ou escolas que foram alvo de ameaças de redes sociais. Em outra escola de São Paulo, um professor que pediu para não ser identificado relata que tem sido questionado pelos alunos sobre o motivo de o colégio não ter seguranças armados.
Apesar da sensação generalizada de insegurança no país, as empresas responsáveis pelas redes sociais não têm colaborado com as autoridades para retirar conteúdos de ameaças e que promovem autores de ataques anteriores.
Empresas responsáveis pelas redes sociais participaram de uma reunião no Ministério da Justiça na última segunda-feira (10/04). Durante o encontro, do qual participaram representantes de YouTube, Meta, Twitter, Kwai, TikTok, WhatsApp e Google, a pasta pediu que as plataformas combatam de maneira mais eficiente os perfis que fazem apologia da violência ou ameaça às escolas.
A posição do Twitter, porém, gerou mal-estar no encontro. Na plataforma, a reportagem encontrou dezenas de usuários com nomes que glorificam o autor do massacre em Suzano (que deixou oito mortos em 2019), posts em que há ameaças à escolas com imagens de armas e mensagens que fazem apologia do nazismo.
Procurada, a rede social respondeu com um emoji de cocô, prática instituída pela empresa desde 19 de março. O Ministério Público Federal em São Paulo cobrou que a empresa informe se está tomando medidas para moderar publicações que possam configurar incitação à violência e atentados em escolas.
Especialistas afirmam que ameaças não devem ser ignoradas. É preciso identificar quem está por trás delas e qual é o objetivo dos autores.
Denunciar é o melhor caminho. Mesmo que se trate de ameaças falsas, especialistas apontam que a Polícia Civil e canais criados pelo Ministério da Justiça precisam ser notificados, pois quem compartilha essa mensagem também pode responder criminalmente pela ameaça.
Pais, alunos e escolas devem manter diálogo estreito sobre as ameaças, receios e medidas adotadas. A transparência das ações é importante para aumentar a sensação de segurança.