Pesquisa analisa sobrecarga de profissionais da saúde na pandemia
Estudo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) mostra que 86% dos profissionais da saúde sofrem com burnout e 81% com estresse

Por Julia Bonin
Pelo menos 13,6 mil profissionais da saúde morreram em decorrência da Covid-19 até maio de 2021, segundo a Organização Mundial da Saúde. Além das consequências fatais, muitos sofreram com a sobrecarga física e mental no período. Um estudo da Universidade Federal de São Carlos consultou profissionais da saúde da rede pública e concluiu que as condições encontradas demandam melhorias na rotina de trabalho.
De acordo com a pesquisa, 86% dos médicos sofrem com burnout, 81% com estresse e 74,4% com má qualidade de sono, além de relatarem sintomas depressivos e dores pelo corpo. Ainda assim, a maioria dos profissionais afirma que vê grande sentido nos serviços prestados à sociedade e se mostra comprometido com o trabalho, mesmo diante de um clima estressante.
“Acreditamos que a pandemia influenciou negativamente esses resultados. A sobrecarga no trabalho, as decisões difíceis e os dramas vivenciados afetaram consideravelmente os profissionais de saúde, especialmente os que atuaram na linha de frente”, disse Tatiana de Oliveira Sato, professora do Departamento de Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da UFSCar.
A pesquisadora afirma que as informações obtidas são suficientes para pressionar as lideranças e as autoridades por melhorias nas condições de trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, são necessárias mais contratações, melhores remunerações, jornadas menos exaustivas, treinamentos adequados e redes de e para a saúde mental. “O profissional de saúde também precisa ser visto como um trabalhador e merece nossa atenção”.
O estudo foi realizado por meio de um formulário online com profissionais de mais de 18 anos que trabalhavam no SUS e estavam envolvidos diretamente com a assistência aos pacientes. Foram apresentados cinco questionários diferentes, cada um voltado para quantificar um aspecto da vida dos trabalhadores. Ao todo, 125 profissionais da saúde participaram da pesquisa e 60 deles seguiram até a última etapa.
A dificuldade ada pelos profissionais da saúde compromete o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3, que busca assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. O tema também foi tratado no programa Brasil ODS, do Observatório do Terceiro Setor.