País do ódio: uma pessoa LGBT+ foi morta a cada 32 horas no Brasil
Apenas por serem LGBT+, 273 pessoas morreram em 2022. Além disso, a taxa de empregabilidade é menor para LGBTI+s em relação a cis-heterossexuais e a probabilidade de estigmatização, humilhação e discriminação é maior em serviços de saúde.

Em sua 27ª edição, a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo saiu às ruas em defesa de um tema fundamental: Políticas Sociais para LGBT+ – Queremos por inteiro e não pela metade.
O evento acontecerá no dia 11 de junho de 2023 e reafirmará o compromisso com a luta contra qualquer tipo de discriminação, além de promover o respeito à diversidade e a construção de políticas afirmativas para a população LGBT+.
O evento acontece em um dos países que mais mata pessoas LGBT+ no mundo, e o que mais mata pessoas trans no planeta.
No Brasil, uma pessoa LGBTI+ foi morta violentamente a cada 32 horas em 2022. Ao todo, foram assassinadas 273 pessoas entre janeiro e dezembro do ano ado, de acordo com o Dossiê de Mortes e Violências Contra LGBTI+ no Brasil.
Mais da metade das vítimas, 159 pessoas, foram travestis e mulheres trans, representando 58% dos assassinatos. Ao todo, 96 homens gays foram mortos de forma violenta em 2022.
Cerca de um terço das vítimas tinham entre 20 e 29 anos de idade. Já 19% delas tinham entre 30 e 39 anos. O Estado do Ceará foi o que teve a maior mortalidade violenta de LGBTI+ em 2022 com 34 mortes; em São Paulo, 29 assassinatos foram contabilizados. Considerando o número de vítimas para cada 1 milhão de habitantes, o Ceará também lidera o ranking (3,8 mortes), seguido por Alagoas (3,52) e pelo Amazonas (3,29).
Em 2020, o total de mortes LGBT I+ registradas pelo observatório foi de 237, em 2021 foi de 316, e em 2022, foram 273 casos de crimes de ódio.
Mas é importante ressaltar que, apesar desse número já representar a grande perda de pessoas, apenas por sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, tem indícios para presumir que esses dados ainda são subnotificados no Brasil.
A pesquisa de 2022 identificou diversos tipos de violência LGBT, como agressões físicas e verbais, negativas de fornecimento de serviços e tentativas de homicídio. Houve uma maioria de mortes LGBT provocadas por terceiros: 228 homicídios, representando 83,52% do total, 30 suicídios, que corresponderam a 10,99% dos casos e outras 15 mortes, 5,49% dos casos.
Apenas por serem LGBTI+s, 273 pessoas morreram em 2022. Além disso, a taxa de empregabilidade é menor para LGBTI+s em relação a cis-heterossexuais e a probabilidade de estigmatização, humilhação e discriminação é maior em serviços de saúde.
Por isso, os LGBT’s sofrem sendo uma comunidade mais vulnerável a violências e negativas de direitos fundamentais, como a própria vida.
O Dossiê de Mortes e Violências Contra LGBTI+ no Brasil foi produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil em parceria com outras organizações: Acontece Arte e Política LGBTI+; Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra); e Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).
O Observatório de Mortes e Violências LGBTI no Brasil é uma ong LGBT organizada coletivamente por Acontece LGBTI+, ANTRA e ABGLT Brasil. Para conhecer melhor seu trabalho clique aqui.
Fontes: Observatório de Mortes e Violências LGBTI e Associação Parada Orgulho LGBT SP