Ação Educativa usa metodologia freireana na construção coletiva do conhecimento

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A metodologia de Paulo Freire faz parte das ações de educação, cultura e juventude da Ação Educativa, organização que atende jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social

metodologia freireana
Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Ana Clara Godoi

A Ação Educativa, organização social sem fins lucrativos, atua nas áreas de educação, juventude e cultura, visando contribuir para o cumprimento dos direitos humanos. Para atingir esse objetivo, a entidade utiliza a metodologia freireana, do educador Paulo Freire, em todos os seus projetos.

Fundada em 1994, a Ação Educativa realiza ações em prol da educação, cultura e juventude em situação de vulnerabilidade social. Embora localizada em São Paulo, na Vila Buarque, a organização beneficia jovens em todo o país. São 400 atividades realizadas ao ano, com 64 mil participantes, além dos 1.500 jovens em programas de formação.

No campo da educação, a Ação Educativa promove a educação popular, educação de jovens e adultos, políticas antirracistas, metodologias de construção de indicadores de qualidade na educação e distribuição de material didático. No campo da cultura, trabalha com a expressão cultural da periferia, incentivando a literatura, o hip-hop e o samba raiz, através de grupos de jovens que atuam nas regiões características. Quando se trata de juventude, realizam trabalho com grupos de jovens em formação, onde orientam sobre o mundo do trabalho e estimulam a criação e cumprimento de políticas públicas voltadas à juventude.

Sérgio Haddad, educador, economista e coordenador de projetos especiais da Ação Educativa conta que a utilização da pedagogia freireana é fundamental para a organização.

“Na origem da Ação Educativa, ainda chamado de Centro Ecumênico de Documentação e Informação, que foi outra entidade que originou a Ação Educativa, nós trabalhávamos com o método Paulo Freire aplicado em várias instâncias, para seringueiros no Acre, para ribeirinhos no rio Solimões e grupos de periferia em São Paulo”.

O educador destaca que mais importante que a metodologia freireana no campo da alfabetização de adultos, somente a filosofia de Paulo Freire. “Essa [filosofia] está incluída em praticamente todas as metodologias de trabalho que nós realizamos. A construção coletiva do conhecimento, o respeito a diversidade cultural, o diálogo como mecanismo de produção de conhecimento e a formação ética dos professores e alunos”.

Paulo Freire, filósofo e patrono da educação brasileira, conseguiu alfabetizar 300 trabalhadores no Rio Grande do Norte em apenas 45 dias, em 1961, com seu método de ensino. Além dessa conquista, Freire defendia um modelo de educação que respeite a individualidade e história de cada aluno. Também acreditava que a educação não deveria proporcionar separação entre o campo do conhecimento e o campo político, no sentido de os alunos tomarem consciência sobre os problemas da população.

“A utilização da pedagogia freireana nos adias atuais é fundamental para fazer frente a uma outra lógica, que vem se estabelecendo. O pensamento freireano reconhece que há uma perspectiva cultural diversa na sociedade brasileira que muitas vezes o currículo nacional não dá conta de incorporar”, afirma.

Segundo Sérgio Haddad, a perspectiva freireana também é a favor da avaliação individual e, portanto, contrária às grandes avaliações de massa em que todos os alunos participam de forma homogenia, desrespeitando as características e diversidades de cada grupo.


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