Observatório, ReUrbi e ABES se unem para combater desigualdades
Parceria entre Observatório do Terceiro Setor, ReUrbi – Recicladora Urbana e ABES pretende mobilizar o setor empresarial para atuar em prol da inclusão sociodigital e no combate às desigualdades

Por: Mariana Lima
Em 2021, o Observatório do Terceiro Setor, a ReUrbi – Recicladora Urbana e a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), entidade que representa mais de 2 mil empresas do setor, firmaram parceria com o objetivo de promover ações que gerem impacto social e ambiental positivo para a sociedade.
Aliando as tecnologias e projetos de cada um, os parceiros desenvolveram o programa ReciTech que oferece às empresas os serviços de logística reversa nos descartes de equipamentos de TI e telecomunicações em desuso, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (lei nº12.305/2010) e a ABNT 16.156/2013.
Os materiais destes descartes, quando em bom estado, são recondicionados em equipamentos seminovos para serem reinseridos na cadeia produtiva, seguindo a lógica da Economia Circular. Desde 2013, a ReUrbi oferece o serviço de coleta, inventário, certificação, descaraterização de mídia e propriedade, bem como avaliação econômica dos descartes de equipamentos da linha verde.
Através do Instituto ReUrbi, os equipamentos recondicionados na linha de seminovos Remakker são doados para projetos sociais de inclusão sociodigital de escolha das empresas que estão descartando. Até 2020, a ReUrbi apoiou mais de 80 projetos sociais, que receberam mais de 1.600 equipamentos da marca por meio de doação em comodato (o equipamento retorna à ReUrbi quando estiver em desuso), impactando socialmente 63 mil pessoas.
As empresas que buscarem o programa ReciTech, além de receberam as certificações adequadas e poderem selecionar o projeto a ser contemplado com os equipamentos gerados pelo valor do descarte com a ReUrbi, ainda estarão isentas dos custos logísticos e de serviços deste processo, que representam mais de R$ 1.600.
Vale pontuar que a isenção ofertada às empresas que aderirem ao programa ReciTech é resultado da campanha ‘Mobilização para a redução das desigualdades’, promovida pelos três parceiros com apoio da empresa de comunicação Weber Shandwick. A meta é conseguir mobilizar mais empresas em prol da sustentabilidade, dialogando com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.
Durante a fase de conscientização das empresas, que vem sendo realizada nos últimos meses, destacou-se o desconhecimento em relação à relevância de participar de uma iniciativa neste sentido.
“O que mais impressionou foi o desconhecimento dos problemas gerados pelo descarte irregular de equipamentos e o tamanho da exclusão digital antes e agora na pandemia, com mais de 4 milhões de alunos sem o à educação, potencializando a exclusão de uma geração inteira, o que reforça a importância da inclusão digital. O Programa ReciTech vem no momento certo como uma das soluções para reduzir as desigualdades via o à educação”, explica Ronaldo Stabile, economista e CEO da ReUrbi.
De acordo com a pesquisa TIC Educação 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a falta de equipamentos como computadores, smartphones e tablets foi uma das maiores dificuldades enfrentadas para garantir atividades escolares remotas durante a pandemia.
O problema foi maior em escolas públicas estaduais (95%) e municipais (93%) do que nas particulares (58%), mais frequente nas áreas rurais (92%) do que nas urbanas (83%) e mais reportado no Norte (90%) do que no Sudeste (80%).
A ReUrbi tem um modelo de negócio que já atende 8 dos 17 ODS da Agenda 2030, além de ter sido reconhecida pelo 6º ano consecutivo como Empresa Best For The World, do Sistema B Brasil. Por ter os princípios da sustentabilidade e do impacto positivo em seus valores, a ReUrbi sabe da importância do processo de conscientização.
“A estratégia é mobilizar empresas e o 3º Setor, mostrando que o impacto positivo no ambiental pode gerar impacto social, sem abrir mão da sustentabilidade econômica. É importante ter negócios que não visem só ao lucro, mas que busquem atender e viabilizar os objetivos dos ODS”, pontua Stabile.
Para Rodolfo Fücher, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), a parceria e execução do programa ReciTech “caiu como uma luva” para suprir a necessidade da ABES de fortalecer o seu potencial de impacto social e ambiental.
“A ABES tem como propósito colaborar para a construção de um Brasil digital e menos desigual, porque sabemos da importância da tecnologia da informação para a democratização do conhecimento e a criação de novas oportunidades. Entendemos que o nosso papel é assegurar um ambiente de negócios inovador, dinâmico, ético, sustentável, e competitivo globalmente, mas estávamos carentes quanto a ações mais efetivas ligadas à temática da sustentabilidade. O programa ReciTech veio atender esta carência que tínhamos”, revela.
A reciclagem regularizada do setor privado pode gerar uma receita anual de R$ 162,7 milhões. Se pelo menos 5% desse valor for revertido a projetos sociais, são R$ 8,1 milhões por ano para a inclusão digital da população vulnerável.
Na projeção da ABES e da ReUrbi, o setor privado pode levar 6,2 mil toneladas de equipamentos para reciclagem até 2023, o que equivaleria a quase 74 mil toneladas de metais tóxicos no ambiente.
Fücher pontua que o programa e a mobilização dialogam com o que a sociedade precisa atualmente, mostrando um caminho possível para as empresas combaterem o aumento das desigualdades ampliadas pela pandemia de forma prática, além de se adequarem aos princípios ESG (Environment, Social e Governance).
“É muito importante olharmos com mais carinho para o ambiente que nos cerca, tanto para o meio ambiente em si, como também para as pessoas que, por alguma fatalidade, não têm ou tiveram a mesma oportunidade. E muitos empresários compartilham dessa visão, principalmente os pequenos e médios, mas não têm estrutura, ou até conhecimento, de como contribuir de forma pragmática. A mobilização traz uma forma correta de aderir a essas práticas. Isto é um importante diferencial para atrair talentos para o seu negócio e até clientes”, argumenta Fücher.
A meta inicial do programa é coletar 100 toneladas e a cada 10 toneladas conseguir apoiar um projeto de inclusão sociodigital com 10 equipamentos de TI, sendo que cada projeto social tem condições de formar 100 jovens por ano. Ao atingir 100 toneladas, o programa já consegue gerar a inclusão sociodigital de 1 mil jovens em condições de empregabilidade; o objetivo é ir escalando estes resultados.
“Agora, precisamos é que as empresas se engajem e sigam o modelo de Governança nos descartes e que entendam a importância deste impacto no meio ambiente para gerar impacto social e econômico em empregabilidade”, reforça Stabile.
O impacto em cadeia esperado pela adesão ao programa ReciTech e pela campanha de Mobilização também é observado pela ABES. “Certamente o lixo eletrônico tem o potencial de resolver o problema de inclusão sociodigital. A nossa missão é simples: divulgar estes dados e convencer o maior número de empresários a participarem da mobilização. Não custa um centavo e torna a sua empresa responsável socialmente”, afirma Fücher.
Nesse sentido, o Observatório do Terceiro Setor atuará na produção de conteúdo com foco na conscientização da sociedade sobre a importância de um programa como o ReciTech e da campanha ‘Mobilização para a redução das desigualdades’. Para Joel Scala, jornalista e diretor executivo do Observatório, a proposta é evidenciar, por meio das reportagens e mídias do Observatório, a importância de estar engajado em projetos que aliem causas ambientais e sociais.
“O Observatório atua para ser referência na produção de informações e meio de fortalecimento para as organizações da sociedade civil. Ao nos reunirmos com duas organizações para desenvolver esse projeto de inclusão sociodigital, nos colocamos no caminho para potencializar os propósitos do Observatório, como promover uma sociedade ativa, inclusiva, plural e sustentável”, afirma.
Em meio ao aumento das desigualdades, Scala argumenta que o programa é uma ferramenta para aqueles que querem “furar a bolha” e colaborar para a construção de uma sociedade mais igualitária.
“A pandemia mostrou as profundas desigualdades que existem no país. Nossa preocupação é sensibilizar a sociedade e organizações para contribuir com as ações de combate a esse cenário. Temos que aproveitar o momento de solidariedade, da sociedade disposta a ouvir sobre essas problemáticas, para construir um processo de consciência que se estenda para além da pandemia”, destaca.
Os primeiros resultados
Até o momento, o programa ReciTech já realizou a coleta do Instituto MicroPower (776,5 kg) e Cobrasin (100 kg). Após a ReUrbi inventariar e avaliar os descartes, para mapear os equipamentos que poderiam ser recondicionados, e a qualidade do lote, foi possível destinar 22 conjuntos desktop (desktop, monitor LCD, mouse e teclado) e mais 2 monitores LCD, totalizando 46 equipamentos, para projetos sociais.
O primeiro projeto contemplado pela parceria foi o ‘Olhos de Cidadania‘, realizado pelo Programa Forças no Esporte (PROFESP) junto com o Instituto Asas Para o Esporte, Cultura e Cidadania (IAECC), que atua em diversos estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Amazonas e Rio Grande do Norte.
O Instituto trabalha para apoiar jovens e crianças vulneráveis socioeconomicamente, de forma a fortalecer seu desenvolvimento e cidadania. Com os equipamentos doados, serão impactados cerca de 100 crianças, adolescentes e jovens, de 6 até os 18 anos de idade, todas com algum tipo de deficiência visual.
A proposta é que os equipamentos colaborem para a inclusão social dos jovens atendidos, uma vez que irão rodar um software do Instituto MicroPower, o Virtual Vision, que promove ibilidade nas telas.
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Este conteúdo foi produzido por meio de uma parceria entre o Observatório do Terceiro Setor e a ReUrbi – Recicladora Urbana.
11/01/2022 @ 08:30
[…] sendo promovida pela Associação Brasileira de Empresas de Software, em parceria com a ReUrbi e o Observatório do Terceiro Setor. A iniciativa também tem apoio da Weber Shandwick e do Ministério Público do Estado de São […]