No Brasil, apenas 21% dos adultos com até 34 anos têm ensino superior

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Porcentagem é menor do que a observada em países como Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Argentina. Dados do Inep revelam os avanços e retrocessos no ensino superior brasileiro

Foto: Marcello Casal Jr. | Agência Brasil

Por: Mariana Lima

Nos últimos 20 anos, o ensino superior brasileiro ou por uma extensa transformação. Em meados dos anos 2000, o Brasil ou a registrar um aumento considerável das matrículas no ensino superior.

Em 2000, o país tinha 2,7 milhões de matriculados em cursos de graduação. Em 2019, o número já era mais do que o triplo: 8,6 milhões.

As transformações começaram ainda na virada do século, com os cursos de graduação a distância, criados no fim dos anos 1990, ganhando mais adeptos.

Enquanto em 2002, as matrículas da modalidade representavam apenas 1,2%, a cada 100 matrículas em 2009, 14 eram de cursos a distância. Dez anos depois, eram 28,5 a cada 100.

Aos poucos, o ensino superior brasileiro, que sempre foi elitizado e ocupado, majoritariamente, por pessoas de maior poder aquisitivo, começou a se tornar mais diverso.

Até 1998, a cada 100 alunos de 18 a 24 anos em cursos superiores, 75 pertenciam aos 20% mais ricos da população. Em 2019, eles eram 40 a cada 100.

O cenário de 1995, em que os 20% mais pobres da população representavam apenas 1 de cada 100 vagas nas universidades, transformou-se a partir das políticas publicas de democratização do o ao ensino superior, como as cotas sociais.

Em 2015, pretos, pobres e estudantes oriundos da escola pública representavam 6 a cada 100 alunos do ensino superior. Mas essa tendência não só parou, como houve um retrocesso, e a proporção de alunos mais pobres caiu para 5 a cada 100 em 2019.

Outro grupo que há mais de duas décadas representa uma pequena porcentagem nas universidades é dos indígenas. Foram as políticas de cotas raciais que ajudaram a ampliar a presença de pretos, pardos e indígenas (PPI) no ensino superior público.

Em 21 anos, a proporção de alunos PPI nas universidades federais, estaduais e municipais triplicou. Em 1999, 15% dos estudantes universitários eram pretos, pardos ou indígenas; em 2019, já eram 46%.

Ainda assim, a proporção de adultos de 25 a 34 anos com diploma do ensino superior no Brasil ainda é muito baixa, não ultraando os 21%.

Em contrapartida, outros países da América do Sul e Latina registram porcentagens mais altas, como México (24%), Colômbia (30%), Chile (34%) e Argentina (40%). Os Estados Unidos têm uma média de 49%.

Neste cenário, programas que possibilitaram a entrada de diversos grupos vulneráveis no ensino superior vêm sofrendo com cortes, o que afasta novos atendidos, como é o caso do Fies, conhecido programa de financiamento em universidade privadas.

O Fies teve seu auge em 2014, quando chegou a bancar 733 mil vagas. Atualmente, o número está bem abaixo disso: apenas 93 mil financiamentos foram concedidos em 2021: para cada oito vagas em 2014, há apenas uma hoje.

Os dados são dos Cadernos de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais do Inep e do Ministério da Educação.

Fonte: Revista Piauí


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