Mulheres criam iniciativas para combater a fome durante a pandemia

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As iniciativas arrecadam e distribuem alimentos doados em meio ao aumento da fome pelo país, que já atinge 19 milhões de pessoas

Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por: Mariana Lima

De acordo com uma pesquisa da Rede PENSSAN, divulgada em dezembro de 2020, 19 milhões de brasileiros estão ando fome. Neste cenário, a insegurança alimentar grave afeta 9% da população nacional.

Na linha de frente do combate a esses níveis alarmantes, três mulheres vêm exercendo um papel decisivo na luta contra a fome nas regiões em que vivem.

Uma delas é Luciana Quintão, economista que criou a ONG Banco de Alimentos. Somente no último ano, o Banco foi responsável por arrecadar mais de 5 milhões de quilos de alimentos para doação. O resultado surpreendente vem impactando diversas famílias.

Vale pontuar que a ONG já vinha atuando no combate à fome décadas antes da pandemia surgir no horizonte. Contudo, as ações realizadas no último ano foram cruciais.

Fora a arrecadação de alimentos e a doação de cestas básicas, o Banco de Alimentos também realizou ações para abastecer com crédito cartões de vale refeição e de vale gás de famílias que vivem em regiões vulneráveis.

Outra mulher que vem lutando para combater a fome em São Paulo é a historiadora Adriana Salay. Aliada ao marido, que é chef de cozinha de um restaurante, ela criou o movimento ‘Quebrada Alimentada’ no ano ado.

Desde o primeiro dia de pandemia, ambos aram a distribuir marmitas na porta do restaurante Mocotó, onde o marido trabalha. A comida doada era a mesma que os funcionários do local recebiam, que ou a ser conhecida como “comida de família”.

Devido à influência do casal no meio gastronômico, rapidamente importantes chefs de São Paulo se solidarizaram com o ‘Quebrada alimentada’ e aram a ajudar o projeto.

Em um ano, a iniciativa já serviu mais de 70 mil refeições na cidade de São Paulo. Além das marmitas, o casal começou a entregar cestas básicas para a população carente.

Para as cestas, ao contrário das marmitas, o casal realiza um cadastro prévio, feito em parceria com associações comunitárias que auxiliam no mapeamento das famílias mais vulneráveis. Além das 70 mil marmitas, a iniciativa de Adriana arrecada cerca de 300 cestas básicas por mês.

O plano da ativista para o futuro é transformar a ‘Quebrada’ em uma organização com impacto de longo prazo na comunidade, para deixar de servir apenas em campanhas de contenção de crise.

Já a ativista Tayane Alves fundou a ONG Onda Solidária. A cearense, que é surfista e vê no esporte um agente de transformação social, criou a iniciativa no começo da pandemia, ainda em março de 2020.

Com a ajuda de duas amigas, Tayane abriu uma conta bancária para receber doações, fez campanha nas redes sociais, arrecadou alimentos, contatou associações de bairros carentes de Fortaleza e partiu para as entregas. Entretanto, problemas de saúde fizeram com que tivesse que se afastar da iniciativa.

Enquanto se recuperava fisicamente, Tayane teve de lidar com mais um desafio pessoal: o pai morreu em decorrência da Covid-19 em novembro de 2020.

Após meses enfrentando a perda sem conseguir sair da cama para trabalhar, em março de 2021 Tayane decidiu reviver o projeto para “vencer o luto com luta”.

Em um mês, a ativista conseguiu arrecadar outras 400 cestas básicas. Até agora, a Onda Solidária já ajudou 800 famílias.

Fonte: UNIVERSA UOL