Motorista de ônibus lamenta não ter conseguido salvar criança arrastada pela lama

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“Eu só quero que Deus conforte muito a família. Aquela criança era tudo o que eu queria ter segurado”, lamenta Carlos Alberto Nascimento, motorista de um ônibus arrastado pela lama durante tempestade da última terça-feira em Petrópolis (RJ)

Os motoristas Carlos Antônio Farias e Carlos Alberto Nascimento | Foto: Divulgação/Petro Ita

A tragédia em Petrópolis (RJ) na última terça-feira (15/02) deixou mais de 120 mortos, gerou comoção e uniu muitas pessoas. Dois motoristas de ônibus que aram momentos de terror relatam a dor e o desespero por não conseguirem salvar todos os ageiros.

Eles conseguiram se salvar e resgatar uma parte dos ageiros, quando moradores de um condomínio jogaram cordas. Carlos Alberto Nascimento, um dos heróis dessa história, completou 52 anos na última quinta-feira (17/02) e comemorou o seu “renascimento” e a possibilidade de ter podido ajudar as pessoas que estavam no coletivo que dirigia.

“Lançaram cordas em nossa direção, que foram amarradas nos ônibus e em portões, colunas e poste da via. Sendo possível começar a fazer o resgate dos ageiros, com a ajuda das pessoas do condomínio, a quem somos extremamente gratos”.

Ambos lamentaram não ter conseguido salvar todos os ageiros que estavam nos ônibus. Emocionado, Carlos Alberto fez um desabafo: “Eu não sei quem é o pai daquele menino que eu não consegui pegar. Mas, ele pode estar certo de que a dor que está sentindo é a mesma que eu estou. Eu só quero que Deus conforte muito a família. Aquela criança era tudo o que eu queria ter segurado”. Carlos Antônio também externou seu sofrimento pelas vidas perdidas: “Eu só queria salvar todo mundo. Só isso”, concluiu.

“O rio ainda estava sob controle, sem jogar água na pista. Estávamos seguindo itinerário para o bairro, porém, alguns metros à frente, após a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], veio uma onda em direção aos coletivos. Como recomendado, paramos os ônibus na pista, para deixar a água baixar e seguir viagem, posteriormente”, contaram os motoristas.

Logo depois, quando viram que o nível da água não parava de subir, acionaram a alavanca dos ônibus para que as janelas fossem retiradas e os ageiros pudessem sair. De acordo com os motoristas e cobradores dos dois coletivos, a queda de uma barreira na região foi o que provocou o desastre.

“Com o impacto da queda, a força da água balançou o ônibus, fazendo com que os veículos começassem a ser arrastados, não sendo possível salvar mais ninguém”.

Os dois motoristas voltaram ao trabalho na quinta-feira (17/02). Mesmo abalados, eles reconhecem a importância que têm para os moradores de Petrópolis. “Muitas pessoas dependem dos ônibus. Vários motoristas não conseguiram voltar ao trabalho. A população depende de nós”.

Saiba aqui como ajudar as vítimas da tragédia, doando dinheiro ou materiais para organizações do terceiro setor que estão prestando auxílio aos desabrigados.

Fonte: CNN Brasil