Morte de yanomamis cresce 6% em 1 ano no Brasil
Apesar da operação especial do governo federal de combate à crise humanitária entre os yanomamis, o ano de 2023 se encerrou com a notificação de 363 mortes de indígenas da etnia. O número é superior ao de 2022, quando 343 morreram.

Apesar da operação especial do governo federal de combate à crise humanitária entre os Yanomamis, o ano de 2023 se encerrou com a notificação de 363 mortes de indígenas da etnia. O número é superior ao de 2022, quando 343 morreram.
De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, houve aumento de quase 6% em um ano. Segundo o governo, houve subnotificação em anos anteriores, do governo anterior, e por esse motivo, os números podem ser ainda maiores.
Apesar do cenário negativo, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, disse que o mapeamento do problema permite uma melhora no futuro.
“Temos a certeza de que temos subnotificação, mas, agora, sabemos que temos, sabemos onde temos, e temos o diagnóstico do que está acontecendo no território — o que é diferente nos anos anteriores. Agora podemos dizer onde estão os vazios existenciais e quais as necessidades”, afirmou.
A secretária argumentou também que problemas de pessoal favoreceram a perspectiva de subnotificação. “Estamos recompondo as equipes, havia uma questão de insegurança no início, então as equipes começaram a se deslocar mais no segundo semestre”, explicou.
O Ministério da Saúde ainda apontou que o aumento no número de mortes está atrelado à maior presença do Estado no território, o que permitiu maior notificação das mortes. Dessa forma, a pasta afastou a tese comparativa, de que o cenário atual é mais grave do que no ano anterior.
O secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, disse que a subnotificação de mortes relacionada aos yanomami é histórica por conta da cultura de luto do grupo, que busca não manter lembranças daqueles que morreram, o que dificulta notificação tardia.
“Os dados referentes aos últimos anos não são confiáveis. Até os dados novos apresentam complexidade de interpretação. Estamos tratando de um povo que tem dificuldade de tratar o tema da morte, que tem um ritual fúnebre de incineração não só do ente querido, mas da maloca e dos entes pessoais para não ter a memória da pessoa”, disse.
O Ministério da Saúde anunciou a construção e reforma de 22 Unidades Básicas de Saúde ainda neste ano, além da intenção de lançar licitação para a construção de um hospital indígena em Boa Vista, em Roraima, mas sem previsão de data.
Para combater a crise na região, o governo informou ainda que terá um orçamento emergencial de R$ 1,2 bilhão.
Atualmente, o Ministério da Saúde estima que a população Yanomami seja composta por 32.052 indígenas espalhados em 376 comunidades com concentração em Roraima e norte do Amazonas.
Fonte: g1