Moradores do Baixo Tapajós (PA) sofrem com contaminação por mercúrio

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Pesquisa mostra que 75,6% dos adultos das áreas urbanas e ribeirinhas do Baixo Tapajós, no Pará, apresentam taxas de contaminação por mercúrio no sangue acima do limite de segurança estabelecido pela OMS

Moradores do Baixo Tapajós têm altas taxas de exposição por mercúrio
Foto: Polícia Federal | Agência Brasil

Por Juliana Lima

Os moradores de áreas urbanas e ribeirinhas da bacia do Baixo Tapajós, no Estado do Pará, apresentam altas taxas de contaminação por mercúrio no sangue, segundo um estudo realizado pelo Laboratório de Epidemiologia Molecular da Universidade Federal do Oeste do Pará, em parceria com a Fiocruz e o WWF-Brasil.

O metal, que é utilizado em zonas de garimpo para separar e extrair o ouro, foi encontrado em todos os 462 participantes da pesquisa. Desse total, 75,6% evidenciaram exposição acima do limite de segurança de 10 µg/L estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os resultados da pesquisa, que reúnem análises de 203 indivíduos da área urbana de Santarém (PA) e 259 participantes de comunidades ribeirinhas da região, estão em um artigo publicado na revista científica International Journal of Environmental Research and Public Health.

“É revoltante o quanto isso está se tornando cada vez mais grave e destruidor para nossas vidas. O mercúrio vem sendo lançado no leito do rio e se transformando em material orgânico, assim ele a a integrar a cadeia alimentar, contaminando os peixes que vivem no rio. Por isso, é urgente interromper as atividades garimpeiras ilegais na nossa região”, diz Juci Bentes, ativista ambiental e integrante do Coletivo Jovem Tapajônico.

A coordenadora do estudo, a professora Heloisa do Nascimento de Moura Meneses, explica que mesmo que o garimpo não ocorra na área do Baixo Tapajós, a contaminação por mercúrio pode ocorrer devido à conexão de toda a Bacia Amazônica. “Assim como o garimpo, o desmatamento e as queimadas contribuem para a contaminação ambiental. Temos um conjunto de fatores que afetam o Rio Tapajós e, consequentemente, as pessoas que vivem às suas margens”, explica.

Para Raul Valle, Diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil, essa pesquisa deve contribuir para mobilizar a população e parlamentares, que devem votar projetos que afetam a região, como é o caso do PL 191/21, que pretende abrir as terras indígenas para mineração e garimpo.


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