Medo e terror: células neonazistas no Brasil crescem em 270%

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De janeiro de 2019 a maio de 2021, houve aumento de 270,6% em células neonazistas no Brasil, alcançando cerca de 10 mil pessoas

Medo e terror: cresce em 270% células neonazistas no Brasil
Crianças no campo de concentração de Auschwitz em 27 de janeiro de 1945/ Foto: Arquivo

O mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que se dedica a pesquisar o neonazismo no Brasil desde 2002, mostra que existem pelo menos 530 núcleos extremistas no país, um universo que pode chegar a 10 mil pessoas. Isso representa um crescimento de 270,6% de janeiro de 2019 a maio de 2021.

Entre os grupos extremistas, os neonazistas são a maioria. Adriana explica que eles têm semelhanças entre si: “Eles começam sempre com o masculinismo, ou seja, eles têm um ódio ao feminino e por isso uma masculinidade tóxica. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a LGBTQIAP+, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto”.

Juíza federal e também pesquisadora do tema, Cláudia Dadico ressalta que a falta de uma legislação clara contra discursos de ódio no Brasil é o principal obstáculo para que esses crimes sejam punidos de maneira exemplar.

“Os casos que tenho acompanhado da Polícia Federal têm tido realmente um esforço grande no sentido de investigar e punir. O que ocorre é que muitas vezes alguns operadores do Direito têm uma compreensão da liberdade de expressão que acaba, de certa forma, obstaculizando a punição desses crimes, que claramente não se situam dentro do campo da liberdade de expressão”, lamenta a juíza.

O promotor de justiça do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco-RJ), Bruno Gaspar, ressalta que “a liberdade de expressão não é ilimitada. Ela não autoriza manifestação discriminatória ou preconceituosa”.

Uma reportagem realizada pelo programa de TV Fantástico identificou que o principal combustível para a explosão do número de células neonazistas no Brasil vem das redes sociais. Durante meses de investigação em grupos privados de compartilhamento de material extremista, jornalistas flagraram mensagens de ódio, compartilhamento de vídeos exaltando Adolf Hitler e manifestações que extrapolaram as redes.

Os núcleos neonazistas se concentravam, principalmente, na região sul do Brasil, mas a antropóloga Adriana relata que as células se espalharam para as cinco regiões do país. Ela destaca a região Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Fonte: G1


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