Médicos Sem Fronteiras relatam exaustão na atuação em Gaza

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Em entrevista para o Observatório do Terceiro Setor, os Médicos Sem Fronteiras relatam dificuldades e desafios na ajuda médica e humanitária na Faixa de Gaza.

medicos sem fronteiras
Foto: Adobe Stock

Por Redação.

O conflito entre Israel e Hamas completará um mês no início de novembro e já acumula quase 10 mil mortes. O confronto atual é o mais letal da Faixa de Gaza, resultando em mais de 3,5 mil mortes de crianças. Pela primeira vez desde o início dos ataques, 33 caminhões adentraram a Faixa de Gaza com suplementos e recursos para a população, porém, a situação é tão precária que os recursos não chegaram a todos os necessitados.

A equipe de redação do Observatório do Terceiro Setor conversou com Renata Santos, presidente do Conselho do Médicos Sem Fronteiras (MSF) Brasil, para entender como está a linha de frente e a atuação da organização na corrente de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Os Médicos Sem Fronteiras possuem uma equipe de aproximadamente 300 profissionais no território de Gaza, porém, pela escassez de recursos médicos, o trabalho é extremamente desafiador.

Estamos habituados a lidar com contextos difíceis, mas a situação em Gaza tem impedido que consigamos fazer chegar a ajuda a quem mais necessita. Isso porque não temos garantias básicas que permitam que ofereçamos serviços médicos e humanitários.”, aponta Renata Santos. 

Segundo a presidente do Conselho do MSF Brasil, mais de 40 profissionais da saúde já foram mortos pelos bombardeios na região, entretanto, nenhum profissional da organização foi atingido. A equipe presente na linha de combate segue na tentativa de auxiliar no atendimento dos doentes e feridos, todavia, com a superlotação das unidades de saúde e a falta de recursos, os profissionais se encontram frustrados pela falta de condições para ajudar os pacientes. 

“ Queremos e podemos fazer mais, mas precisamos de garantias básicas de segurança. Uma condição para isso é o estabelecimento de um cessar-fogo para permitir que as vidas dos civis sejam poupadas e o estabelecimento regular de um fluxo de suprimentos médicos e humanitários para permitir que a assistência possa ser efetivamente prestada.”

Renata Santos também relatou que os Médicos Sem Fronteiras possuem carregamentos com medicamentos e artigos médicos posicionados na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, prontos para adentrar em Gaza assim que possível. Os MSF também pretendem substituir a equipe presente na zona de conflito, já que os profissionais estão completamente exaustos por não terem condições mínimas de segurança para trabalhar.  

A Faixa de Gaza está sofrendo com falta de alimentos, água, gás, combustível, eletricidade e recursos médicos, agravando cada vez mais a situação da população palestina que habita o território. “O bloqueio total imposto à população tem consequências terríveis e a verdade é que, se a situação não mudar rapidamente, haverá uma enorme catástrofe humanitária. Com o corte da eletricidade, hospitais dependem de geradores para manter em funcionamento incubadoras e aparelhos em unidades de terapia intensiva.”, relata a presidente. 

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização internacional criada em 1971 por médicos e jornalistas. A ONG leva assistência e atendimento médico para aqueles que necessitam, tendo uma atuação em nível mundial. O MSF também trabalha com o fornecimento de água, alimentos, abrigo e saneamento em caso de extrema urgência. Atuam em mais de 70 países e 465 projetos, com uma equipe que a dos 63 mil profissionais. A organização está atuando na linha de frente do conflito na Faixa de Gaza ao lado da ActionAid, Cruz Vermelha e demais equipes que estão atuando na corrente de ajuda humanitária da região. 

A atuação das organizações perante ao apoio às vítimas estão completamente alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente com o ODS 16, referente à paz, justiça e instituições eficazes. A corrente de ajuda humanitária também está de acordo com todas as demais ODSs, como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem estar, igualdade de gênero, água potável e saneamento e as demais, tendo em vista que o conflito está depredando todas as esferas da vida da população de Gaza. 


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