Moradores de bairro nobre vivem 21 anos a mais que de bairros periféricos

Compartilhar

O Mapa da Desigualdade analisou os 96 distritos da capital paulista e apontou os níveis de desigualdade, com base em indicadores sociais como mortalidade infantil, o à internet, saúde pública e segurança

Mapa da Desigualdade
Foto: Arquivo Agência Brasil

Por Ana Clara Godoi

Os moradores dos Jardins, distrito localizado na Zona Oeste de São Paulo, vive 21 anos a mais do que moradores do Iguatemi, distrito da Zona Leste. Os dados são resultado do Mapa da Desigualdade 2022, levantamento divulgado pela Rede Nossa São Paulo e pelo Instituto Cidades Sustentáveis em novembro deste ano.

O Mapa da Desigualdade 2022 revelou que a média de vida no Iguatemi é de 59 anos, 11 anos a menos que a média geral da cidade de São Paulo. O número é menor ainda quando comparado com a média de vida dos Jardins, que registrou 80 anos de idade.

“O Mapa de São Paulo é esse desenho que a gente faz para mostrar como a desigualdade se perpetua no território de uma cidade. Ele é um provocador dessa discussão. Queremos sensibilizar gestores públicos, universidades e até o setor privado que queira contribuir para essa questão”, explica Igor Pantoja, assessor de coordenação da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis.

O bairro dos Jardins aparece onze vezes entre os dez distritos com melhores indicadores. A região tem baixos casos de gravidez na adolescência, mortalidade materna e infantil, feminicídio, agressões por intervenção policial. Quando se trata de educação e moradia, registra ótimos números, e quase não possui pessoas em situação de rua.

A realidade dos Jardins é consideravelmente diferente da realidade do Iguatemi e de toda a região da Zona Leste de São Paulo. Com mais de 150 mil habitantes, a região registra alta quantidade de mortes no trânsito, homicídios e mortalidade infantil, por Covid-19 e por intervenção policial, além dos casos de gravidez na adolescência. O Iguatemi também é um dos distritos com pior oferta de trabalho formal. Toda a desigualdade entre os distritos se expressa na diferença de 21 anos de vida.

A desigualdade não teve redução significativa em relação ao ano ado, que registrou 23 anos de diferença entre os distritos. “A gente acredita que esse dado é uma espécie de síntese do mapa, porque ele acaba sendo uma somatória de diversos fatores que contribuem para essa menor idade média de morte nos distritos”.

“Você vê essa diferença no o ao serviço de saúde, por exemplo, entre a periferia e o centro. Você tem essa diferença porque talvez no centro tenha mais investimento, os profissionais queiram trabalhar mais no centro do que nas periferias. Então a questão é como corrigir esse problema”.

O levantamento é divulgado anualmente desde 2012 e analisa dados dos 96 distritos da capital paulista, com intuito de promover o debate sobre o tema e contribuir para a criação de políticas públicas que combatem as desigualdades. Por esse motivo, o Mapa da Desigualdade está alinhado aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, conjunto de metas que visam promover um mundo mais igualitário e sustentável.


Compartilhar