Lideranças se unem e lançam parlamento indígena no Brasil

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Primeira atitude do parlamento indígena será entrar com uma ação pedindo a demissão do presidente da Funai por desvio de finalidade do órgão indigenista 

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por: Mariana Lima

Lideranças indígenas brasileiras se uniram para lançar o movimento Parlaíndio Brasil. A iniciativa tem como objetivo dar voz e visibilidade política às lideranças tradicionais e representativas dos 305 povos originários do país. O Parlaíndio começou a ser gestado em 2017, devido à falta de representatividade indígena no Congresso Nacional.

O parlamento indígena tem como presidente de honra o cacique Raoni Metuktire, líder indígena brasileiro da etnia Kayapó Mebengokrê, conhecido em todo o mundo por sua luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas. 

Já o coordenador executivo da iniciativa é o cacique Almir Narayamoga Suruí, principal liderança do povo Paiter Suruí de Rondônia e também reconhecido internacionalmente por suas ações e projetos de sustentabilidade em terras indígenas.

Na realização de sua primeira assembleia, as lideranças discutiram os objetivos do movimento, as pautas que serão abordadas, a estruturação e a periodicidade das assembleias, que serão mensais.

A primeira atitude do parlamento será entrar com uma ação na justiça pedindo a exoneração do presidente da Funai, delegado Marcelo Xavier, que à frente do órgão não tem cumprido a missão institucional de proteger e promover os direitos dos povos indígenas do país. 

Recentemente, ele solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito contra as lideranças indígenas Almir Suruí e Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), sob o pretexto de difamarem o Governo Federal. A PF arquivou os processos por falta de argumentos sólidos.

Devido à pandemia, o Parlaíndio Brasil deverá atuar como uma assembleia virtual permanente com encontros mensais que seguirão uma pauta com foco na defesa dos direitos constitucionais indígenas e na preservação ambiental. 

A iniciativa, que conta com a colaboração de Toni Lotar como indigenista interlocutor, tem os apoios do Instituto Raoni, da Associação do Povo Paiter Suruí, da Fundação Darcy Ribeiro e da Embaixada da França no Brasil. 

Estudantes indígenas da Universidades de Brasília (UnB) integrarão o corpo técnico do Parlaíndio Brasil, auxiliando também nos debates e decisões com informações científicas da academia, bem como ajudando na elaboração de documentos e projetos de lei dentro da pauta indígena.

Entre as principais pautas do movimento indígena nacional na atualidade, que deverão ser trabalhadas pelo parlamento estão:

  • Desmatamento e invasões das terras indígenas;
  • Projetos de mineração e hidrelétricas em terras indígenas;
  • Garimpo ilegal em terras indígenas, poluição dos rios por mercúrio e contaminação das populações indígenas e ribeirinhas;
  • Projeto de lei da I da grilagem;
  • Barreiras sanitárias à Covid-19 para proteção aos povos isolados;
  • Preservação da Amazônia e demais biomas nacionais;
  • Retomada da demarcação das terras indígenas;
  • Aparelhamento da Fundação Nacional do Índio (FUNAI);
  • Sucateamento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

O Parlaíndio Brasil segue aberto para a participação via internet das lideranças tradicionais de todos os povos indígenas brasileiros. Para saber mais, clique aqui.