Indígenas do Pantanal perdem 83% do território por conta dos incêndios

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Os povos da Terra Indígena Baía dos Guató também sofrem com a escassez de água, falta de luz, assistência médica precária e desemprego

Imagem: Mayke Toscano/Secom-MT

Por: Isabela Alves

A Terra Indígena Baía dos Guató, localizada em Barão do Melgaço, em Mato Grosso, teve 83% do território perdido no incêndio que está devastando o Pantanal. De acordo com um cálculo feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV), foram 16 mil hectares devastados até o momento.

Os povos indígenas afetados são a população mais antiga a morar na região. Agora eles sofrem por conta da escassez de água, falta de luz, assistência médica precária e desemprego. Entre os produtos que foram destruídos pelo fogo estão as plantações de banana, mandioca, cana, abacaxi, entre outros. 

Os moradores afirmaram que os brigadistas de incêndio chegaram de barco, mas aram apenas um dia combatendo os incêndios. Os brigadistas fizeram um aceiro com enxadas para proteger três casas, a alguns quilômetros da moradia de Sandra Guató, e depois foram embora. Um helicóptero militar também chegou a descer na região, mas só depois que os moradores haviam salvado as suas casas. 

A única água ível, parada e enlameada, tornou-se a única forma de sobrevivência para humanos e animais. No local também não há profissionais da saúde para cuidar da população. Em justificativa, os órgãos públicos afirmaram que houve um corte de verbas por conta da pandemia. 

Este foi o pior incêndio já registrado no Pantanal. Segundo dados do Ibama, do início de janeiro até o dia 13 de setembro, o bioma perdeu 2.916.000 hectares, o equivalente a 19,4% do total. O lado de Mato Grosso é o mais atingido, com 1.742.000 hectares destruídos. 

Na Baía dos Guató, a principal fonte de renda é a venda de isca para pesca de turismo. O negócio, no entanto, está parado pela pandemia e pela seca histórica.

Desde o início da pandemia, a única ajuda que receberam do poder público foram duas cestas básicas por família, distribuídas pela Funai. Alguns ainda relataram dificuldades para se inscrever no programa de auxílio emergencial.

Fonte: Folha de Pernambuco