Garimpeiros abusam de crianças e recrutam indígenas em terra Yanomami

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Estima-se que cerca de 20 mil invasores estejam infiltrados na Terra Indígena Yanomami. Além de gerarem devastação ambiental, garimpeiros levam álcool e armas de fogo para a região, abusam sexualmente de crianças e recrutam jovens indígenas para trabalho ilegal 

Indígena Yanomami. Foto: Funai

A Terra Indígena Yanomami (TIY) é explorada por garimpeiros há anos, que buscam minérios como ouro e cassiterita, usada na fabricação do estanho. Estima-se que cerca de 20 mil invasores estejam infiltrados no território.

Apesar de proibida em reservas indígenas, atualmente, o Congresso tenta liberar não só a mineração, como a exploração de hidrocarbonetos e geração de energia elétrica.

Segundo lideranças Yanomami, com o avanço do garimpo e devastação ambiental, homens – na maioria jovens e adolescentes – são recrutados para o trabalho na mineração ilegal em troca de cachaça e, principalmente, de armas de fogo.

Um relatório recém-divulgado pela Hutukara Associação Yanomami mostra que três meninas da etnia de até 13 anos morreram depois de serem abusadas por garimpeiros. Os ataques ocorreram na região central do território, conhecida como polo base Kayanaú.

Há também relatos sobre abusos sexuais contra indígenas em Apiaú. Segundo os moradores, os garimpeiros pedem sexo com as filhas dos indígenas em troca de comida.

Os moradores de Hutukara também relataram abusos. Um garimpeiro que explora a região ofereceu drogas e bebidas aos indígenas e, quando todos já estavam bêbados, estuprou uma das crianças da comunidade.

Muitos indígenas Yanomami estão ando fome e vivem nas mãos dos garimpeiros. Com a contaminação dos rios por conta do garimpo, os peixes morreram ou estão contaminados, deixando os indígenas sem o seu principal alimento e fonte de renda.

O documento ‘Yanomami Sob Ataque’, divulgado pela Associação Hutukara (HAY) no último dia 11, relata que, na região do Aracaçá, o subgrupo Yanomami Sanöma deixou de abrir roças e hoje depende da alimentação oferecida pelos garimpeiros em troca de serviços, como carregar combustível e realizar pequenos fretes de canoa. A introdução de drogas e bebidas alcoólicas pelo garimpo também provocou o aumento da violência entre os indígenas da região.

A reserva Yanomami é a maior do país, com cerca de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Roraima, onde fica a maior parte, e Amazonas. São mais de 28,1 mil indígenas que vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.

Fonte: g1


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