Fome em SP: pessoas estão trocando roupas e objetos por comida

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Na cidade mais rica do país, há pessoas sem dinheiro para comprar uma marmita e que trocam roupas e objetos por comida. Pratos feitos também ficaram menores, sem carne vermelha e salada em alguns lugares

Imagem ilustrativa/ Foto: Adobe Stock

No bairro do Brás, na capital paulista, Rodrigo Lopes de Souza, de 40 anos, vende marmitas. Para manter o preço, ele precisou cortar a carne vermelha e a salada e diminuir o tamanho das quentinhas.

Rodrigo conta que diminuiu muito o seu número de clientes, principalmente imigrantes haitianos, nigerianos e peruanos. As pessoas ainda procuram a marmita para matar a fome, mas, sem dinheiro, trocam roupas e objetos pela comida.

Quando economistas dizem que os mais pobres são os mais prejudicados pela inflação, é da clientela de Rodrigo que estão falando.

O casal Camila Gomes e Ricardo Augusto é outro exemplo da realidade vivida por milhões de brasileiros. Vendedores em lojas do Brás, eles vão ao restaurante e pedem uma marmita para dividir. Ela come primeiro, tomando o cuidado de não devorar tudo. O que sobra fica para o marido.

O impacto da inflação complicou outro elo da cadeia da alimentação, os açougues. A placa para atrair clientes ao Atacadão das Carnes, no Brás, informa que o mocotó custa R$ 7,99. O freezer voltado para a rua tem linguiça, frango inteiro, costela suína e uma única carne bovina: acém, opção de segunda. O gerente, Carlos Eduardo Miranda, conta que o campeão de vendas é o sarapatel, prato de origem nordestina feito de fígado, bofe, língua, goela e coração de porco. O chamariz é o preço, R$ 5,99. Agora o açougue vende também ovos, que estão dando melhor retorno do que as carnes vermelhas, por causa do preço.

Para driblar a fome, as pessoas procuram alimentos mais baratos. Celso Manoel da Silva, de 49 anos, gerencia um lugar em que o faturamento cresceu 10%. Ele vende coxinha a R$ 1,99. “Meu diferencial é o preço”. “O novo normal é matar a fome com um salgado”. Atualmente, mais de 19 milhões de pessoas am fome no Brasil. Pela data da última pesquisa, que foi divulgada em 2021 e tem dados referentes a dezembro de 2020, o número de famintos no Brasil hoje pode ser bem maior.

Fonte: UOL