Fome atinge quase 200 milhões e pode piorar com Guerra da Ucrânia

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De acordo com a ONU, fome extrema atinge 193 milhões de pessoas em todo o mundo. Expectativa é que Guerra da Ucrânia fragilize ainda mais a situação em alguns países dependentes de suas exportações

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Foto: Adobe Stock | Licenciado

Por Juliana Lima

Conflitos, eventos climáticos e crises econômicas agravaram a fome extrema no mundo em 2021. Atualmente, 193 milhões de pessoas em 53 países vivem em situação de insegurança alimentar aguda, de acordo com dados da ONU. Um acréscimo de 40 milhões em relação a 2020. Quando comparado com 2016, ano em que a organização mundial começou os levantamentos, o número quase dobrou.

Agora, com a Guerra da Ucrânia, a expectativa é que a situação piore. Por isso, a Rede Global Contra Crises Alimentares está pedindo ações urgentes para evitar o agravamento da fome no mundo. A Rede é uma aliança criada pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e para a Agricultura) com o Programa Mundial de Alimentos e a União Europeia.

Em um relatório, o grupo explica que, como tanto a Rússia como a Ucrânia são dois grandes produtores de grãos na Europa, são grandes os riscos para nações muito dependentes dos cereais ou dos fertilizantes russos e ucranianos, como Afeganistão, Etiópia, Haiti, Somália, Sudão do Sul, Síria e Iêmen.

Só em 2021, a Somália, por exemplo, obteve mais de 90% de seu trigo da Rússia e da Ucrânia. Já a República Democrática do Congo recebeu 80%, enquanto Madagascar importou 70% de seus alimentos básicos dos dois países.

“A guerra evidenciou a interconexão e a fragilidade dos sistemas alimentares. Se não fizermos mais para apoiar as zonas rurais, a magnitude dos danos vinculados à fome e à deterioração do nível de vida será dramática. É necessária uma ação humanitária urgente e em larga escala”, pontua a FAO.

De acordo com o relatório, das 193 milhões de pessoas vivendo uma insegurança alimentar aguda, pelo menos 139 milhões são de países que enfrentam crises políticas e humanitárias, como a República Democrática do Congo (RDC) e a Etiópia. As dificuldades econômicas devido à pandemia de Covid-19 foram a principal razão da fome aguda para 30,2 milhões, enquanto as condições climáticas extremas foram o principal motivo para 23,5 milhões de pessoas em oito países africanos.

No caso da América Latina e do Caribe, mais de 12 milhões de pessoas viviam uma grave crise de insegurança alimentar em 2021, especialmente em Honduras, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Haiti, o país mais afetado, com 46% de sua população em situação de emergência.


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