Filantropia e periferia são temas de mesa do Festival ABCR 2023
VoluntariadoA palestra do Festival ABCR, apresentada pelo coordenador executivo da Iniciativa PIPA, Gelson Henrique, trouxe a perspectiva da agenda da filantropia nas periferias e suas especificidades para a captação de recursos.

Por Laura Leite
Existem camadas do terceiro setor que não recebem financiamento, esse foi um dos apontamentos do coordenador executivo da Iniciativa Pipa (ISP), Gelson Henrique, durante a mesa “Confiança Filantrópica e Periferias: Construindo uma nova agenda de ree de recursos no Brasil”, nesta terça-feira (04/07), durante o Festival da ABCR 2022.
A discussão que compôs a programação do evento dialogou sobre a possibilidade de uma nova agenda da filantropia, ou seja, novas formas de captar e se relacionar com o terceiro setor, pensando no viés da periferia e suas especificidades quando o tema é captação de recursos. Gelson afirmou que “os recursos devem chegar onde a realidade acontece”, e para entender como a confiança constrói esse espaço, os dados do ISP de 2020 analizou que o terceiro setor moveu R$ 5,3 bilhões em recursos para organizações, porém, durante a pandemia, cerca de 56% de organizações periféricas revelaram que não obtiveram aumento nos recursos, informam os dados da pesquisa Periferias e Filantropias.
“Uma nova agenda de estratégias de financiamento voltados às necessidades e estruturas de confiança dessas organizações periféricas que não sejam editais; descentralizar onde os recursos chegam, mensurar o impacto sobre o que realmente influencia as comunidades onde as organizações atuam, escutar os territórios fora de processos avaliativos comuns e entender a importância em colocar estas organizações em ambientes de decisões”, afirmou Gelson.
A precarização dos postos de trabalho em organizações periféricas também fez parte das abordagens do . Segundo Gelson, a pesquisa de campo feita em várias cidades do país revelou as condições de trabalho daqueles que se organizam socialmente; 89% das pessoas trabalham em outros lugares, além de outros projetos e 92% não possui registro na carteira de trabalho. As reflexões a respeito das condições de trabalho refletem sobre a capacidade de “potencializar o grau de sustentabilidade das organizações”, torná-las ambientes seguros para quem trabalha pela transformação social.
“Precisa de recurso para existir tempo de ter recurso, e isso logo afeta a confiança de quem investiria na organização”, disse Gelson, enfatizando que para haver mudanças nas captações de recursos, as pessoas que trabalham nestas organizações devem ter segurança em seus postos de trabalho para darem atenção às causas.
A PIPA é uma iniciativa pensada para ajudar a democratizar o o ao investimento social privado no Brasil; a organização quer ser uma ponte efetiva de conexão entre financiadores e coletivos, movimentos e organizações de base favelada e periférica, produzindo diagnósticos, ferramentas e ações para fazer com que esses recursos cheguem nas favelas e periferias brasileiras.
A atuação da organização e os debates sobre o tema durante o Festival ABCR contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda da ONU 2030, sendo os ODS 4, 8, 10 e 17, ligados à educação de qualidade, trabalho decente e crescimento econômico, redução das desgigualdades, parcerias e meios de implementação.